O observatório europeu do clima Copernicus relatou que, pela primeira vez, o mundo experimentou 12 meses consecutivos com temperaturas 1,5ºC acima da média da era pré-industrial.
Janeiro foi especialmente notável devido a uma onda de calor na América do Sul, resultando em temperaturas recordes e incêndios devastadores na Colômbia e no Chile, causando mais de 130 mortes na região de Valparaíso.
De fevereiro de 2023 a janeiro de 2024, o planeta experimentou uma média de temperatura 1,52ºC acima do período de 1850-1900, de acordo com o Serviço Copernicus de Mudança Climática (C3S). Essa elevação é considerada pelos cientistas como um “alerta à humanidade”.
“Isto não significa que superamos a barreira +1,5ºC estabelecida em Paris em 2015”, disse Richard Betts, que é diretor de estudos sobre impactos climáticos na agência nacional de meteorologia britânica.
No contexto de um acordo para mitigar as mudanças climáticas e suas repercussões, Betts argumentou que é essencial ultrapassar os limites de maneira gradual ao longo de várias décadas.
“Porém, esta é uma nova recordação das mudanças profundas que provocamos no clima mundial e às quais temos que nos adaptar agora”, completa.
Brian Hoskins, diretor do Instituto Grantham sobre Mudanças Climáticas do Imperial College de Londres, enfatizou que “este é um aviso brutal sobre a urgência das medidas que devem ser adotadas para limitar a mudança climática”.
Johan Rockström, do Instituto de Potsdam de Pesquisas do Impacto do Clima, descreveu-o como “é um sinal muito importante e desastroso”. E ainda adicionou: “Um alerta para dizer à humanidade que nos aproximamos mais rápido que o previsto do limite de 1,5 ºC”.
Saiba mais detalhes:
- A temperatura atual está aproximadamente 1,2ºC acima da média registrada entre 1850-1900.
- Especialistas da ONU afirmam que, com o atual ritmo de emissões, há uma probabilidade de 50% de alcançar o limite de 1,5ºC até 2030-2035.
- Há apenas 0,01ºC abaixo do recorde de agosto de 2023, a temperatura da superfície do oceano em janeiro (20,97ºC) se destaca como o segundo maior valor registrado.
- As previsões indicam que o calor continuará após janeiro, apesar do início da redução do fenômeno climático ‘El Niño’.
- A redução do ‘El Niño’ pode resultar em uma queda das temperaturas no mar, mas o calor persistirá de acordo com as previsões.
- 2024 pode superar facilmente o recorde de calor de 2023, de acordo com a Organização Meteorológica Mundial e a NOAA dos EUA.
- A NOAA afirma que há uma probabilidade de 33% de 2024 superar o recorde histórico de calor.
- Há uma probabilidade de 99% de 2024 estar entre os cinco anos mais quentes já registrados, conforme indicado pela NOAA.