Aeróbico, anaeróbico, aptidão motora, arritmia cardíaca, biomecânica… A lista de termos da Educação Física costuma gerar confusão, especialmente para quem está iniciando uma nova rotina de treinos. Entre tantas expressões técnicas, uma das que mais despertam dúvidas é o significado de “anaeróbico”, conceito fundamental para entender exercícios de alta intensidade, como musculação e treinos de força.
Entenda o que é anaeróbico
Segundo especialistas, o termo “anaeróbico” não se refere a um tipo específico de exercício, mas ao tipo de metabolismo que predomina durante determinada atividade. Trata-se das situações em que o corpo trabalha com menos oxigênio do que seria necessário para sustentar o esforço.
Guilherme de Almeida e Leme, gerente técnico de uma famosa academia, explica que isso acontece quando há um desequilíbrio entre consumo e demanda de oxigênio. “Em esforços muito intensos, como uma prova de 50 metros na natação, o atleta muitas vezes atravessa a piscina em apneia para ganhar velocidade. Como não há oxigênio suficiente para suprir a exigência daquele movimento, o metabolismo predominante passa a ser o anaeróbico, ou seja, realizado com pouca ou nenhuma participação do oxigênio”, detalha.
A explicação reforça que não existe “o melhor” tipo de exercício anaeróbico, já que a atividade em si pode acionar tanto o metabolismo aeróbico quanto o anaeróbico. O que define qual deles será priorizado é a forma como a sessão de treino é estruturada.
De acordo com especialistas, até mesmo exercícios com pesos podem ser organizados para estimular predominantemente um ou outro metabolismo dentro do mesmo treino. Tudo depende da prescrição, que considera intensidade, duração, intervalos e objetivos do praticante.
“Tudo depende do objetivo do treino”, explica o educador físico, Dr. Francisco Coelho. Segundo ele, se a meta é estimular adaptações ligadas ao metabolismo anaeróbico, o ideal é trabalhar em intensidades próximas do máximo, algo mais difícil de alcançar quando o atleta já está fatigado. Por outro lado, em modalidades como maratona ou ciclismo de longa duração, sessões intensas aplicadas após um treino base podem ajudar o atleta a sustentar ritmos fortes no fim da prova, favorecendo também ajustes nesse metabolismo.
Curiosidades sobre treinos aeróbicos e anaeróbicos
Guilherme de Almeida e Leme reforça que não existe uma disputa entre treinos aeróbicos e anaeróbicos. Isso porque cada proposta atende a finalidades distintas e gera adaptações específicas no organismo.
“Atividades predominantemente aeróbicas desenvolvem a resistência cardiorrespiratória, enquanto exercícios executados em metabolismo anaeróbico aprimoram força e potência muscular. Por isso, não são melhores ou piores entre si são complementares”, observa o especialista.
Outro ponto destacado por profissionais é o limite de duração do esforço anaeróbico. Em geral, esses estímulos variam de dois a três minutos, já que manter o corpo em desequilíbrio de oxigênio por mais tempo se torna inviável. “Depois desse período, é necessário um intervalo maior, que pode chegar a 15 minutos, para que o organismo restabeleça o equilíbrio no consumo de oxigênio e possa repetir o esforço”, acrescenta o professor.
Como o anaeróbico surge na musculação?
De acordo com Guilherme de Almeida e Leme, a musculação pode acionar diferentes metabolismos, dependendo da forma como o treino é estruturado. “Quando trabalhamos com cargas elevadas e poucas repetições, o estímulo é majoritariamente anaeróbico. Já em formatos de circuito, com mais repetições e carga moderada, o esforço tende a ser mais aeróbico”, explica.
O Dr. Francisco Coelho, reforça que a adaptação depende diretamente dos objetivos do praticante. “A própria musculação pode gerar estímulos anaeróbicos conforme a configuração da sessão. Em alguns casos, nem é necessário incluir um exercício isolado para provocar esse tipo de resposta metabólica”, acrescentou.
Dados sobre a prática de atividade física
Um levantamento realizado pela plataforma online Cupom Válido com base em dados da Numbeo, do IBGE e da Statista indica que o Brasil ocupa a segunda posição entre os países que mais frequentam academias, com 21% da população. A Índia lidera o ranking, com 24%.
Apesar do interesse crescente por exercícios, os números da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), divulgada pelo IBGE, revelam outra realidade: 62,1% dos brasileiros com 15 anos ou mais, cerca de 100,5 milhões de pessoas não praticam nenhuma atividade física regularmente.








