Muitas pessoas se questionaram sobre os efeitos da carne vermelha no organismo após novas orientações sobre alimentação saudável. O consumo exagerado desse tipo de carne, presente com frequência na dieta brasileira, está ligado a diferentes problemas de saúde, motivando alguns a considerarem reduzir ou até eliminar a ingestão desse alimento. Mas afinal, o que muda no corpo quando a carne vermelha deixa de fazer parte da rotina?
Os impactos podem ser positivos, mas é necessário cuidado para que a mudança seja segura. Isso envolve planejar alternativas nutricionais, diversificar fontes de nutrientes e, em alguns casos, recorrer a suplementação. Sem esses cuidados, a exclusão da carne vermelha pode causar deficiências que comprometem o metabolismo.
Um dos efeitos mais imediatos ao cortar ou diminuir a ingestão de carnes gordurosas, como picanha, cupim e costela, é a redução do risco de doenças cardíacas, informou a nutricionista Gabriela Sales Magnani. Segundo ela, o consumo excessivo desse tipo de carne está diretamente relacionado a esses problemas de saúde.
“Isso acontece por conta do elevado teor de gorduras saturadas e colesterol. No caso das carnes de churrasco, por exemplo, que costumam concentrar ainda mais gordura e formar compostos nocivos em altas temperaturas, como as aminas heterocíclicas, o risco de doenças cardiovasculares e de câncer é ainda maior”, afirmou Gabriela.
A especialista também destacou que a diminuição do consumo de carne vermelha contribui para a prevenção do câncer colorretal. De acordo com Gabriela, carnes processadas, como salsicha, bacon, presunto e mortadela, aumentam a chance de desenvolver esse tipo de tumor.
Além disso, a nutricionista explicou que reduzir a ingestão de carne, especialmente a processada, beneficia a saúde intestinal, pois favorece o crescimento de bactérias boas no intestino. “Substituir por leguminosas, vegetais e grãos integrais potencializa esses efeitos”, disse Gabriela. Ela ainda afirmou que a mudança pode trazer melhorias na fertilidade e auxiliar na redução de gordura corporal.
Quais os riscos de uma dieta sem carne vermelha?
Mesmo com os benefícios, eliminar a carne vermelha não garante automaticamente uma vida mais saudável. Gabriela alertou que a decisão pode gerar deficiências nutricionais se não houver substituições corretas.
Segundo a especialista, a falta de carne vermelha pode levar à escassez de nutrientes essenciais, como vitamina B12, ferro, zinco, selênio, iodo, cálcio e vitamina D. A boa notícia é que esses nutrientes podem ser obtidos por outras fontes e suplementação. “O importante é avaliar cada caso um profissional de nutrição ou um médico”, afirmou Gabriela.
Como substituir a carne vermelha no dia a dia
Para uma transição segura, a nutricionista recomenda atenção às escolhas alimentares. Entre os substitutos, ela destaca:
- Ovos, laticínios e proteínas magras, como peixes e aves, que fornecem saciedade e qualidade nutricional.
- Leguminosas, como feijão, ervilha, lentilha e grão-de-bico, além da soja em suas formas diversas, como tofu, tempeh e edamame.
- Cereais nutritivos, como quinoa e amaranto, ricos em proteínas vegetais e fibras.
- Oleaginosas e sementes, como pistache, castanha de caju, nozes, sementes de abóbora, girassol e amêndoas.
Gabriela reforçou que reduzir ou eliminar a carne vermelha pode trazer muitos benefícios, mas a mudança precisa ser planejada. “A chave é o planejamento nutricional individualizado, com acompanhamento de um nutricionista, para ajustar a dieta”, concluiu a especialista.