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Foto: Câmara Municipal de Poços de Caldas

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Sustentabilidade e ESG

Inquérito da Polícia Federal investiga supostas irregularidades na Saúde de Poços de Caldas, MG

Investigação foi aberta um dia após a conclusão da CPI instaurada pela câmara; atuais secretários podem ter envolvimento

A cidade de Poços de Caldas/MG está no epicentro de um possível escândalo de corrupção que envolve o prefeito Sérgio Azevedo e seus principais secretários, Thiago Mariano e Celso Donato. A Polícia Federal (PF) está conduzindo uma investigação aprofundada sobre suspeitas de irregularidades e ligação com crime organizado em contratos de saúde e transporte público, que somam cifras quase bilionárias. A investigação da PF foca em um contrato específico entre a prefeitura e a Organização da Sociedade Civil (OSC) Associação da Santa Casa de Salto de Pirapora.

De acordo com matéria publicada pelo G1 em fevereiro deste ano, o contrato com a organização foi feito sem licitação por R$ 64 milhões, seguido de um aditivo de R$ 7 milhões e uma renovação em 2024 que adicionou mais R$ 70 milhões, totalizando R$ 141 milhões. O caso está registrado sob o processo do Ministério Público nº MPMG – 0518.23.000175-3.

As operações suspeitas incluem a terceirização de serviços médicos e de transporte, que deveriam ser prestados diretamente pelo município. Testemunhas relataram que veículos pagos pelo contrato nunca foram utilizados e que profissionais estão recebendo sem trabalhar. Além disso, equipamentos de exames, que poderiam ser utilizados pelo próprio município, estão sendo locados de uma empresa terceirizada, substituindo equipamentos municipais que estavam em perfeitas condições de uso, mas que foram convenientemente declarados inservíveis pela prefeitura.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Municipal de Poços de Caldas revelou que os equipamentos não pertencem à OSC de Salto de Pirapora, sendo sublocados a preços inflacionados, algo que a prefeitura poderia fazer diretamente. O grande questionamento ao Prefeito é por que terceirizar a gestão da saúde pública para uma entidade de um município do interior de São Paulo que é quatro vezes menor que Poços de Caldas?

As denúncias de irregularidades foram encaminhadas ao Ministério Público, que instaurou um inquérito para investigar possíveis desvios de recursos públicos. A administração municipal, sob o comando de Sérgio Azevedo, tem sido criticada por manter informações dos contratos em sigilo, dificultando o acesso da Câmara Municipal aos documentos. Mesmo após ordem judicial, a documentação foi entregue de forma desorganizada, contendo mais de 18 mil páginas, complicando a análise.

Chama atenção o fato de a OSC ter ocultado o nome Santa Casa de Pirapora e passar a utilizar o nome fantasia de Santa Casa Paulista, além do endereço em Barueri/SP, não mais em Salto de Pirapora/SP. A reportagem do G1 teve acesso a página de transparência da Santa Casa de Salto de Pirapora para verificar informações sobre o contrato com a Prefeitura de Poços de Caldas, mas no site, a última prestação de contas publicada é de outubro de 2023, resultando em quase um ano sem transparência.

Estranha também o fato de, nas prestações disponíveis, figurar a empresa Humani Saúde LTDA como prestadora dos serviços médicos na saúde do município de Poços de Caldas, o que parece ser mais uma subcontratação. Ao que parece, a OSC da Santa Casa de Pirapora serve de “barriga de aluguel” para os recursos públicos vindos da Prefeitura, recebendo os pagamentos e repassando para outras empresas que, supostamente, prestam os serviços.

Outro foco das investigações é o contrato com a empresa Auto Ômnibus Floramar, que tem valor de mais de R$ 736 milhões. A licitação, vencida em 2019, está sob suspeita de fraude e formação de cartel. A empresa, ligada ao mesmo grupo da antiga concessionária Auto Ômnibus Circullare, não renovou a frota de ônibus, apenas alterando a identidade visual dos veículos. O Ministério Público de Contas solicitou a suspensão do contrato para uma nova licitação.

As investigações preliminares tornam suspeitos o prefeito Sérgio Azevedo, colocando-o como o principal articulador do esquema, com a colaboração dos secretários Thiago Mariano, responsável pela saúde, Celso Donato, secretário de serviços públicos, e Paulo. Os três são publicamente conhecidos como o núcleo duro da administração e são vistos como operadores do esquema de corrupção.

A cidade de Poços de Caldas aguarda os desdobramentos das investigações, que prometem revelar mais detalhes sobre a extensão do esquema e os possíveis prejuízos causados ao município. Procurada, a Secretaria de Saúde de Poços de Caldas não respondeu a esta reportagem. Se assim fizer, seu posicionamento será adicionado.

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