Rodrigo Faro traz uma nova perspectiva sobre Silvio Santos nas telonas, oferecendo uma visão mais pessoal do icônico apresentador, além da caricatura conhecida por muitos. No filme, Faro foca menos na figura do showman e mais no homem por trás do personagem, Senor Abravanel, em uma trama que retrata o sequestro midiático que ocorreu em 2001 na mansão do apresentador.
Faro compartilha com a Quem como utilizou suas próprias experiências como marido e pai de três filhas para enriquecer a interpretação de um Silvio Santos mais humano e vulnerável durante o momento mais crítico de sua vida.
Ele comenta que a caricatura pode ser o caminho mais simples para a interpretação, especialmente para o humor, mas destaca que o filme dirigido por Marcelo Antunez buscou explorar um Silvio mais autêntico, mesmo com elementos de alívio cômico presentes. O longa retrata a luta de Silvio para salvar sua vida e a de sua família durante um sequestro em sua residência em São Paulo, mantendo-o em cativeiro por sete horas.
“Todo mundo sabe imitar o Silvio Santos, fazer ‘Ma oeee’, todo mundo sabe brincar com isso, porque tem a referência, o Silvio mora no coração de todo mundo. Mas o Silvio do filme é o Senor Abravanel,” diz Faro.
Rodrigo se orgulha de ter entregue uma versão de Silvio que é ao mesmo tempo amedrontada e inteligente, capaz de usar sua persuasão para enfrentar o perigo e mostrar empatia pelo sequestrador. “Esse Silvio é o Silvio humano que a gente não conhece, e é isso que eu quis imprimir,” afirma ele.
Apesar de a personalidade televisiva de Silvio também estar presente no filme, especialmente nas cenas que revisitam momentos marcantes de sua carreira, Faro destaca o desafio de evitar a caricatura e humanizar a figura já amplamente conhecida. “Para mim, o grande desafio foi fugir da caricatura, o Marcelo [diretor] me ajudou muito para buscar esse Silvio humano, humanizar esse mito da televisão brasileira na situação de maior perigo da vida dele.”
Marcelo Antunez, o diretor, lembra que a preocupação de Faro foi evidente desde o primeiro encontro, quando o ator demonstrou tanto apreensão quanto entusiasmo. “Ele estava apavorado e falou: ‘Estou muito entusiasmado em fazer, mas, ao mesmo tempo, estou muito preocupado’. Era uma série de preocupações, mas se resumia basicamente ao entendimento do desafio que vinha pela frente por ser um personagem que todo mundo conhece um lado desse personagem.”
Antunez acredita que a preocupação de Faro em retratar o homem por trás de Silvio Santos foi crucial para sua entrega ao papel. “Fiquei tranquilo, pensando que, se ele entende o tamanho desse desafio, é o primeiro passo.”
O diretor também destaca que frequentemente precisou ajustar a performance de Faro, pedindo para ele focar mais no lado humano de Silvio. “O tempo todo estava ali vendo se passamos do ponto. Virava pro Rodrigo e falava: ‘Menos Silvio, mais Senor’. A gente ia fazendo ajustes.”
Faro também reflete sobre como sua própria experiência como pai e marido influenciou sua interpretação. Ele menciona a relação de Silvio com sua família e como isso o tocou profundamente, considerando suas próprias filhas. “Me tocou muito como pai. Estou na metade do caminho do Silvio, ainda tenho três. Para mim, foi muito emocionante, porque cada relação com cada personagem foi milimetricamente estudada.”
Pai de Clara (19), Maria (16) e Helena (11), do casamento com Vera Viel, Faro reconhece que transferiu suas vivências pessoais para o papel, trazendo uma abordagem mais íntima ao personagem. “Fui buscar um pouco dessa minha relação de olhar para minha família, para a relação tão linda que eu tenho com as minhas filhas e emprestar um pouco disso para o Silvio, porque esse carinho, esse amor, é o mesmo. Não tem diferenciação,” conclui Faro.