A Universidade de Duke, nos Estados Unidos, publicou na revista PLOS Climate uma análise que confirma menor impacto climático dos carros elétricos em comparação com veículos movidos a gasolina. A avaliação considerou todo o ciclo de vida dos automóveis e indicou vantagem para elétricos após dois anos de operação, cenário que também coloca em dúvida a predominância dos híbridos flex na estratégia brasileira de descarbonização.
O levantamento utilizou o modelo GCAM (Global Change Analysis Model) para projetar o comportamento do mercado até 2050 nos Estados Unidos. Pelos dados reunidos, veículos 100% elétricos, com baterias de íons de lítio, passam a emitir menos CO₂ do que modelos a gasolina após dois anos, mesmo com emissões iniciais mais altas devido à mineração de lítio e fabricação das baterias. Segundo o estudo, essa diferença inicial corresponde a cerca de 30% de emissões totais superiores nos primeiros meses, mas a operação livre de emissões diretas reduz o impacto ambiental ao longo do tempo.
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A análise também mostra que danos ambientais associados a carros a combustão podem ser de duas a três vezes maiores do que aqueles relacionados a elétricos, considerando a vida útil completa. Outro ponto destacado revela que cada kWh adicional de capacidade nas baterias representa economia média de 220 kg de CO₂ até 2030 e 127 kg até 2050, com ganhos proporcionados por avanços tecnológicos e geração elétrica mais limpa.
No cenário dos híbridos flex, comuns no Brasil, motores a combustão continuam emitindo CO₂. Modelos abastecidos com etanol diminuem o impacto climático, graças à menor pegada de carbono do biocombustível em relação à gasolina. Mesmo assim, a pesquisa indica que o veículo 100% elétrico mantém maior potencial de limpeza ambiental, principalmente em países com matriz energética majoritariamente renovável, como o Brasil, onde aproximadamente 80% da eletricidade vem de fontes limpas. A adoção de sistemas híbridos de baixo custo, como o MHEV de 12 volts utilizado por Fiat e Peugeot, recebeu críticas por especialistas, que apontam benefício climático limitado. Outro desafio destacado foi a baixa adesão ao etanol por consumidores no abastecimento.
Nos últimos 18 meses ocorreu uma desaceleração no crescimento das vendas de veículos elétricos por causa de preços elevados e desenvolvimento lento da infraestrutura de carregamento. Campanhas de questionamento sobre segurança e durabilidade de elétricos levaram algumas montadoras a reavaliar prazos de eletrificação total. Mesmo assim, a pesquisa projeta expansão da vantagem ambiental dos modelos elétricos conforme cadeias produtivas amadureçam e fontes fósseis percam espaço na geração de energia. No Japão, avanços como baterias de estado sólido de alta voltagem da Toyota reforçam expectativa de evolução tecnológica.
De forma geral, conforme a pesquisa, modelos elétricos iniciam a vida útil com uma “pegada de carbono” maior, mas compensam esse impacto e se consolidam como alternativa mais sustentável entre as tecnologias automotivas modernas disponíveis.








