Recém-formado em Zootecnia pela UTFPR e sem vaga formal à vista, Ronaldo Goulart escolheu vender paçoca nos semáforos de Curitiba para garantir sustento imediato e criar giro de caixa. A decisão, que poderia soar improvisada, foi calculada: ele buscava exposição ao movimento urbano, contato direto com potenciais clientes e entendimento do comportamento de consumo nas ruas. Ao Feed TV, o empreendedor conta os diferenciais de gestão que o fizeram chegaram ao primeiro milhão.
Enquanto Goulart vendia nos sinais, recebeu o convite para atuar como vendedor em uma loja de eletrônicos, entrando em um setor com margens apertadas, alta competição e dependência de agilidade na negociação. Na loja, Ronaldo descobriu afinidade com o varejo e passou a observar de perto dinâmica de preços, perfil de demanda e relevância do relacionamento no fechamento das vendas. Em poucos meses, destacou-se pela disposição de resolver problemas de clientes e pela postura de “dono”, algo que ele identifica como determinante para acelerar sua curva de aprendizado.
Seis meses depois, decidiu testar a própria tese de negócio. Comprou um celular por R$ 1.200 e revendeu o aparelho no dia seguinte por R$ 1.600, validando, na prática, que havia demanda, margem atrativa e espaço para operar por conta própria.
A partir desse teste, Ronaldo iniciou sua própria operação, assumindo sozinho todas as funções: compra, venda, pós-venda, entrega e financeiro. “A rotina começava antes do amanhecer e seguia até a noite, com atendimento altamente personalizado, o que contribuiu para formarmos uma base de clientes recorrentes e uma reputação de confiança no segmento”, destaca Ronaldo Goulart.
O crescimento veio de forma orgânica, sem salto abrupto, mas com constância. Segundo ele, a combinação de disciplina diária, foco em execução e disposição para seguir em frente mesmo em cenários de incerteza explica o patamar atual da empresa, que registra, nos melhores meses, faturamento próximo de R$ 1 milhão.

Cultura, propósito e impacto além do faturamento
Apesar dos números, Ronaldo sustenta que o negócio não é guiado apenas por lucro. Ele aponta valores herdados da família — ética, honestidade e responsabilidade — como o que orienta desde as políticas de atendimento e negociação até a forma de gestão da equipe: “Nosso impacto desejado vai além do caixa: queremos gerar conforto para a família, abrir oportunidades para colaboradores e entregar valor real para nosso cliente final”. Para ele, cultura e propósito funcionam como diferencial competitivo mais difícil de copiar do que qualquer política de preço.
Com a operação consolidada em Curitiba, o foco agora é escala. O plano inclui ampliar presença em marketplaces, diversificar portfólio de produtos, investir em logística mais eficiente e fortalecer a experiência do consumidor em todos os pontos de contato.
A ambição é transformar o negócio regional em uma marca relevante no mercado nacional de eletrônicos e, em um segundo momento, explorar oportunidades fora do país. Ronaldo reforça que não espera “momento perfeito” para começar ou crescer: defende que a ação vem antes da clareza e que o medo não é impeditivo desde que o empreendedor se mantenha em movimento.








