Tecnologia no agro (Foto: Instagram)

Mineração e ESG impulsionam competitividade e sustentabilidade no agro

João José Oliveira Araújo detalha como a integração logística e tecnológica define a sustentabilidade do setor

Embora frequentemente associado apenas ao plantio e à colheita, o agronegócio brasileiro sustenta-se sobre uma cadeia complexa onde a mineração desempenha um papel de “elo invisível”, porém vital. A integração entre recursos minerais estratégicos, logística eficiente e governança tecnológica é o que define a real competitividade do setor. É o que afirma João José Oliveira Araújo, executivo com vasta experiência em mineração, logística e tecnologia, e conselheiro de empresas no Brasil e no exterior.

Para Araújo, a discussão sobre o agro precisa ultrapassar a porteira e abordar a segurança da cadeia de suprimentos, um pilar essencial das práticas de ESG. “A mineração é um elo fundamental da cadeia do agro, especialmente quando falamos de fertilizantes e insumos estratégicos”, explica o executivo em entrevista ao Feed TV. Ele cita o potássio como exemplo crítico de soberania nacional: “O Brasil historicamente dependeu de importações. Isso gera vulnerabilidade cambial e logística. Quando conseguimos desenvolver ativos minerais e estruturar a logística internamente, o impacto é direto no custo e na previsibilidade do produtor rural”.

A sustentabilidade do negócio também passa pela durabilidade e eficiência da infraestrutura. Sob a gestão de Araújo na Mineração Buritirama, que consolidou a maior mina de manganês a céu aberto da América Latina no Pará, a relação entre o minério e o campo ficou evidente.

“O manganês é essencial para a produção de aço, e o aço está presente em praticamente toda a infraestrutura do agro: máquinas, silos, armazéns, portos e ferrovias”, detalha Araújo. Segundo ele, a eficiência na extração e logística desse minério gera um efeito cascata positivo: “Quando há eficiência na produção e na logística desse minério, o impacto aparece indiretamente em toda a cadeia agrícola, reduzindo custos estruturais”.

Logística Integrada e Governança

Um dos grandes desafios de governança e impacto ambiental no Brasil é a logística. O transporte ineficiente não apenas encarece o produto, mas aumenta a pegada de carbono. “O Brasil é um país continental e ainda sofre com gargalos históricos”, analisa o executivo.

A solução apontada passa pela inteligência na gestão de rotas para evitar a ociosidade, integrando exportação e distribuição interna. “O desafio não é apenas extrair o minério, mas integrar toda a cadeia: transporte, armazenamento, distribuição e eficiência tributária. Quando essas etapas não conversam entre si, o custo final explode e afeta o agro como um todo”, alerta. Ao organizar isso de forma inteligente, “beneficia-se tanto a mineração quanto o agronegócio”.

Olhando para o futuro e para a governança corporativa, Araújo destaca a tecnologia como ferramenta indispensável para a conformidade e a tomada de decisão. Atuando como conselheiro da Salus Optima na Europa, ele traça um paralelo com o mercado brasileiro. “Hoje não existe competitividade sem tecnologia. A inteligência artificial permite prever demanda, otimizar estoques e melhorar a tomada de decisão”, afirma.

Ele cita grandes parcerias como um exemplo de busca por excelência que o Brasil pode espelhar. “A parceria da empresa com a McLaren reflete justamente essa busca por desempenho aliado a precisão e responsabilidade”, diz. Para Araújo, o Brasil tem recursos naturais abundantes, mas precisa aprender com o “planejamento de longo prazo e integração entre setores” vistos na Europa, onde a relação entre indústria, tecnologia e sustentabilidade é mais madura.

Para o futuro, a meta é clara: reduzir a dependência externa através de uma gestão robusta. “Garantir competitividade sem depender excessivamente de fatores externos passa por fertilizantes, infraestrutura, energia e dados. Quem conseguir integrar esses elementos de forma eficiente estará mais preparado para enfrentar ciclos econômicos e climáticos cada vez mais desafiadores”, conclui.

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