ESG (Foto: Freepik)

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Sustentabilidade e ESG

Confira!

Micro e pequenas empresas podem implementar práticas de ESG; entenda como

Negócios menores se adaptam com mais agilidade e podem se destacar no mercado com práticas sustentáveis e de governança.

As iniciativas ambientais, sociais e de governança (ESG) já não são exclusividade das grandes companhias. Micro e pequenas empresas têm implementado essas práticas, muitas vezes sem perceber que fazem parte do conceito.

Segundo Kelly Valadares, analista de Bioeconomia Regenerativa ESG do Sebrae RS, negócios de menor porte têm facilidade para aderir à governança e ao cuidado social: “Em governança, por exemplo, quando se vai trabalhar a questão da transparência ou até mesmo da anticorrupção, no pequeno o volume de fornecedores é menor, assim como o de atuações ou frentes para se fiscalizar. Na questão social é a mesma coisa: é mais fácil oferecer um ambiente respeitoso, seguro e plural em um negócio com menos funcionários.”

Ela ressalta que o foco em ESG pode gerar diferenciais competitivos e até redução de custos. “Quando falamos ‘vamos aplicar a matriz de materialidade para buscar investimentos’, normalmente fica muito distante do pequeno negócio. Mas quando a gente fala no pequeno negócio, que vai lá na cooperativa de crédito pegar financiamento para uma máquina, quando ele já traz um relatório de sustentabilidade, ele já começa a acessar o mercado de uma forma diferente.”

Conheça exemplo de empresa que adota práticas ESG

Localizada em Taquara (RS), a Calçados Padilha emprega 47 pessoas na costura de calçados para grandes marcas que exigem práticas ESG. Além disso, a empresa tem projetos próprios de impacto social.

O sócio-proprietário Ariel Franco de Mello afirma: “Nunca fizemos nada para conseguir algum selo ou pontuação. Tudo foi acontecendo meio ao natural, não por exigência da empresa ou por alguma consultoria, mas por iniciativa nossa, mesmo. Temos essa ideia de conseguir prosperar, afinal, a empresa precisa ter rendimento, mas olhamos muito para o pessoal que é daqui também.”

Desde 2022, a empresa mantém o projeto Primeiro Emprego Lar Padilha, que já contratou 10 jovens de 16 a 18 anos acolhidos pela instituição.
“Lançamos esse projeto porque quando eles chegam à maioridade, muitas vezes não têm experiência profissional nenhuma. Com isso, eles saem com currículo e com o valor do salário, que é depositado todo mês na conta deles e, aos 18, eles têm acesso. Eles têm um contrato igual ao de todos os outros funcionários, mas com uma carga horária menor, para que sigam estudando.”

Entre as práticas ambientais, a empresa recicla tecidos, plástico, papel e devolve resíduos aos fabricantes. Em 2024, foram 570 toneladas recicladas. A fábrica também instalou placas solares, reduzindo em até 84% o custo com energia em 2022. “Para a indústria vale a pena investir em energia solar, mesmo que o retorno aconteça a longo prazo, porque tem uma diminuição bastante grande no valor da conta. O problema é que está se tendo uma certa barreira para fazer novos projetos de geração de energia por indústrias, o que torna tudo mais complexo.”

Na governança, a empresa investe em treinamentos frequentes de segurança, manuseio de químicos e prevenção de assédio. Além disso, usa ferramentas de controle financeiro e de produção.

Saiba de outro negócio que também aplica práticas sustentáveis

No norte do RS, em Três Palmeiras, a Agropecuária Piran produz grãos e pecuária com foco em práticas sustentáveis. Após consultoria do Sebrae-RS e da FAU Agricultura, os irmãos Mateus e Caroline Piran passaram a fabricar seu próprio bioinsumo.

Caroline explica: “Antes, comprávamos o produto pronto de uma empresa aqui da região. Agora compramos a cepa, que é como se fosse a bactéria viva em uma forma mais concentrada. Com um litro desse produto, consigo multiplicar a bactéria, usá-la em uma área muito maior e em mais aplicações: em vez de uma ou duas, podemos fazer de três a quatro aplicações.”

O uso de bioinsumos reduz a aplicação de agrotóxicos e contribui para a saúde do solo. Mateus comenta: “Quanto menos se mexer com o solo, melhor. Colocar um fungicida ou outro produto químico que a gente utilize é um mal necessário, porque, para conseguirmos produzir o alimento, precisamos desse químico, mas tudo gera custo para nós. Procuramos a microbiologia para reduzir esse uso, que, além de caro, não é benéfico para o sistema.”

Dos 150 hectares da propriedade, 22% são áreas de preservação permanente. O restante é manejado com práticas conservacionistas, como o plantio direto e cobertura do solo após a colheita. Essas ações ajudaram a minimizar prejuízos em períodos de clima extremo no RS.

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