Camila Libório (Foto: Matrix - Grupo L'Oréal)

Camila Libório (Foto: Matrix - Grupo L'Oréal)

Sustentabilidade e ESG

ENTREVISTA EXCLUSIVA

Mesmo com recuo, aposta em diversidade segue como estratégia de ESG de grandes marcas

Presença da Matrix na Parada de São Paulo reforça movimento ESG de empresas que tratam diversidade como estratégia, não só marketing

Segundo o estudo “Diversity Matters” da consultoria McKinsey, empresas com maior diversidade em seus quadros executivos têm até 36% mais chance de superar a rentabilidade de concorrentes menos diversas. Para especialistas, isso reforça o papel do “S” (social) no ESG. No Brasil, um levantamento do Great Place to Work revelou que ambientes inclusivos impactam diretamente o engajamento e a produtividade de equipes. Nesse contexto, o Grupo L’Oréal participa pela terceira vez da Parada de São Paulo com um trio elétrico que promove shows, performances e transformações capilares ao vivo. A iniciativa visa, segundo a empresa, contribuir com a valorização da autoestima e da liberdade de expressão — especialmente por meio da estética capilar. Camila Libório, líder da marca Matrix no Brasil, afirma que a ação é parte de uma política mais ampla e contínua de inclusão: “Para nós, representatividade não é uma demanda de junho, mas uma responsabilidade diária com as pessoas que atendemos e com quem trabalha conosco”.

Dados internos do Grupo L’Oréal indicam que 16,4% de seus colaboradores no Brasil se identificam como LGBTQIAPN+ e 92% afirmam se sentir seguros para expressar sua identidade dentro da empresa. “Esses números são consequência de políticas estruturadas, formação de lideranças inclusivas e estímulo à autenticidade no ambiente de trabalho”, diz Libório em entrevista exclusiva ao Feed TV.

O debate sobre a continuidade dessas ações além de datas simbólicas também foi tema da conversa. Recentemente, diversas empresas recuaram em áreas de diversidade diante de pressões políticas ou contenção de custos. Libório afirma que a L’Oréal opta por manter o investimento: “Há um impacto direto entre sentir-se representado e fazer escolhas de consumo, mas isso não deve ser o principal motivador. A inclusão é uma questão de coerência e valores — e nosso papel é garantir que ela seja refletida tanto nas campanhas quanto nas práticas internas”.

A chegada da Matrix ao Brasil também é vista como uma tentativa de ampliar o alcance de tecnologias profissionais de cuidado capilar, com posicionamento mais inclusivo e voltado à diversidade de perfis. Embora com apelo comercial, a proposta se encaixa na discussão sobre o acesso a produtos que respeitem diferentes tipos de cabelo — questão frequentemente negligenciada pela indústria cosmética tradicional.

Ao manter sua atuação conectada a temas de impacto social, a Matrix representa um exemplo de como a diversidade pode ser tratada não apenas como uma diretriz ética, mas também como fator de inovação e sustentabilidade empresarial. Nesse cenário, o desafio não está apenas em comunicar apoio, mas em integrar a pauta ao negócio com constância e credibilidade.

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