Canudo de papel (Foto Internet)

Sustentabilidade e ESG

Além do canudo de papel, conheça 3 dicas para reduzir uso de plásticos

De festas a escolhas na cozinha, especialistas e ativistas mostram alternativas para diminuir o uso de descartáveis

Representantes de dezenas de países irão se reunir em Genebra para tentar concluir um tratado internacional, organizado pela ONU, que busca enfrentar a poluição plástica de forma juridicamente vinculante. A negociação acontece em um momento em que mais de 400 milhões de toneladas métricas de plástico são produzidas todos os anos, com apenas uma pequena fração destinada à reciclagem. A maior parte desse material acaba em aterros ou se espalha pela natureza, trazendo riscos à saúde, à biodiversidade e ao clima.

A expectativa de ambientalistas é que o acordo ajude a limitar a produção de plásticos e fortaleça a gestão de resíduos, ainda que as reuniões anteriores tenham mostrado grandes divergências entre os países. Especialistas alertam que a solução passa por mudanças estruturais em escala global, mas reforçam que escolhas individuais também podem ter peso. Do uso de sacolas reutilizáveis a mudanças na cozinha e no banheiro, há maneiras práticas de adotar um estilo de vida mais sustentável.

Festas mais sustentáveis
Em julho, a australiana Rebecca Prince-Ruiz completou 15 anos participando do desafio de viver sem plástico descartável. Criadora da campanha Plastic Free July, ela inspirou milhares de pessoas em diferentes países a repensarem o consumo.

Neste ano, Prince-Ruiz decidiu montar um kit de festa com 15 copos, pratos, tigelas e enfeites reutilizáveis, como bandeirolas, que ficará disponível para empréstimo entre vizinhos. Para presentes, ela recomenda embrulhos de tecido no lugar do papel tradicional, que muitas vezes contém plástico, ou mesmo apostar em experiências e vales-presente.

Ela também sugere que anfitriões peçam aos convidados para evitar presentes e produtos como glitter, que é feito principalmente de PET. Pesquisas da Universidade de Melbourne mostram que microplásticos do glitter aparecem com frequência em lodo de esgoto e podem afetar lagos e rios. Para apoiar quem deseja mudar, a organização The Party Kit Network oferece orientações para montar kits reutilizáveis e mantém um diretório de empréstimos em países como Reino Unido, Austrália e Estados Unidos.

Produtos de higiene mais ecológicos
De acordo com o Fórum Econômico Mundial, 300 mil fraldas descartáveis vão parar em aterros a cada minuto. Compostas em cerca de 40% por plástico, segundo Mark Miodownik, professor da University College London, essas fraldas podem levar séculos para se decompor. “Elas vão para aterros, oceanos, rios, ou são queimadas a céu aberto”, afirmou Miodownik.

Algumas versões com menos plástico já existem, mas mesmo assim liberam metano quando descartadas em aterros. Já as fraldas de pano reduzem resíduos, mas exigem água e energia para lavar e secar. Miodownik considera que é hora de pensar em alternativas diferentes, como incentivar o desfralde mais cedo, já que em muitos países ricos a idade média tem aumentado, prolongando o uso. Ele também chama atenção para o fato de que muitos lenços umedecidos contêm plástico.

Problemas semelhantes aparecem em absorventes e tampões. Durante seu segundo Plastic Free July, Prince-Ruiz optou por produtos menstruais reutilizáveis. Hoje, é possível encontrar calcinhas absorventes, copos menstruais e até aplicadores reutilizáveis.

Criatividade na cozinha
As embalagens representam quase 40% do lixo plástico no mundo. Para diminuir essa parcela, Prince-Ruiz vem substituindo produtos industrializados por receitas caseiras. Entre as alternativas, ela prepara biscoitos simples com fatias de baguete, azeite e alguns minutos no forno, além de produzir sua própria granola comprando ingredientes a granel. Ossos e sobras de vegetais vão para o congelador até virarem caldo, e os feijões, comprados sem embalagem, são cozidos em casa para substituir os enlatados, que geralmente têm revestimento plástico interno.

Apesar disso, nem sempre há substitutos viáveis. “Meus filhos não gostam das que eu faço, e não temos uma fonte local conveniente”, disse ela sobre as tortilhas.

Para Bhavna Middha, pesquisadora da RMIT University, pequenas mudanças como levar marmitas para o trabalho ou escola em vez de depender de lanches embalados podem reduzir o impacto ambiental e trazer benefícios à saúde. Ela cita um estudo em que a instalação de micro-ondas no campus da RMIT facilitou o consumo de refeições caseiras, mas ressalta que a mudança necessária é cultural, indo além da responsabilidade individual.

Prince-Ruiz acredita que eliminar o plástico por completo não é realista, mas defende que as pequenas mudanças coletivas fazem diferença. “É sobre muitas pessoas fazendo pequenas mudanças que se somam para fazer a diferença e criar mudança cultural, o que então pressiona empresas e governo”, disse, “em vez de apenas alguns adeptos do lixo zero sendo perfeitos.”

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