Vegetais (Foto: Freepik)

Saúde

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Vegetais podem ajudar a diminuir o risco de câncer de mama; confira quais são os principais

Pesquisa com aproximadamente 160 mil mulheres relaciona ingestão frequente de alguns vegetais a menor risco de tumores, inclusive os de maior agressividade

Vegetais como brócolis, couve, couve-flor e outros da família dos crucíferos podem contribuir para a redução do risco de câncer de mama. A conclusão vem de dois estudos de grande porte realizados por pesquisadores da Universidade de Harvard e apresentados no Simpósio de Câncer de Mama de San Antonio de 2025, nos Estados Unidos.

A pesquisa, divulgada em 9 de dezembro, analisou informações de cerca de 160 mil mulheres acompanhadas por vários anos e apontou que o maior consumo de vegetais crucíferos está ligado a uma menor ocorrência de câncer de mama. A associação se mostrou ainda mais consistente nos casos de tumores mais agressivos, como aqueles negativos para o receptor de estrogênio.

De acordo com os pesquisadores, os achados fortalecem a noção de que hábitos alimentares ao longo da vida podem influenciar o risco da doença. Embora nenhum alimento, isoladamente, seja capaz de prevenir o câncer de mama, o conjunto das escolhas alimentares parece ter um papel significativo na proteção da saúde das células mamárias.

Como o estudo foi feito

Os cientistas utilizaram dados de duas amplas coortes dos Estados Unidos. O Estudo de Saúde das Enfermeiras acompanhou 76.713 mulheres entre 1984 e 2019, enquanto o Estudo de Saúde das Enfermeiras II reuniu informações de outras 92.810 participantes analisados de 1991 a 2019.

Durante o período de acompanhamento, as participantes responderam periodicamente a questionários alimentares validados, atualizados a cada quatro anos. A partir dessas informações, foi possível calcular o consumo médio de vegetais crucíferos ao longo do tempo, abrangendo alimentos como brócolis, repolho, couve, couve-flor, couve-de-bruxelas, acelga e mostarda.

Ao longo do extenso período de acompanhamento, foram identificados 11.181 novos casos de câncer de mama invasivo. Com base nesses registros, os pesquisadores aplicaram modelos estatísticos para investigar a associação entre o consumo de vegetais e o risco de desenvolvimento da doença.

Os resultados mostraram que mulheres que ingeriam mais de uma porção diária de vegetais crucíferos apresentaram menor probabilidade de desenvolver câncer de mama quando comparadas àquelas que consumiam menos de uma porção por semana. Essa relação se manteve relevante mesmo após ajustes que levaram em conta a qualidade geral da alimentação.

Onde o efeito foi mais predominante

A diminuição do risco foi observada de forma ampla, mas se mostrou mais consistente nos casos de tumores negativos para o receptor de estrogênio, um subtipo que, em geral, responde menos às terapias hormonais e costuma ter evolução mais agressiva.

Os dados também sugeriram que o possível efeito protetor varia de acordo com o índice de massa corporal (IMC). Entre mulheres com IMC inferior a 25, a relação entre maior consumo de vegetais crucíferos e menor risco desses tumores se mostrou mais intensa do que entre aquelas com sobrepeso ou obesidade.

Além da quantidade ingerida, os pesquisadores avaliaram a ingestão de glucosinolatos, compostos naturais característicos desses vegetais. As participantes com maior consumo dessas substâncias apresentaram menor risco de câncer de mama em comparação às que tinham ingestão mais baixa.

Por que esses alimentos merecem destaque

Os vegetais crucíferos fazem parte da família Brassicaceae e recebem essa denominação devido ao formato em cruz de suas flores. Durante a digestão, eles liberam compostos bioativos que dão origem a substâncias como os isotiocianatos, investigadas por sua capacidade de atuar nos mecanismos de defesa celular e de influenciar processos associados ao desenvolvimento de tumores.

Em pesquisas experimentais, esses compostos mostraram potencial para interferir em mecanismos ligados ao crescimento dos tumores, como inflamação, estresse oxidativo e multiplicação celular. Essa atuação pode ajudar a explicar por que o consumo de vegetais crucíferos tem sido associado, em estudos observacionais, a um menor risco de diferentes tipos de câncer.

Os pesquisadores destacam, no entanto, que ainda são necessários novos estudos para compreender com mais precisão como os metabólitos dos glucosinolatos agem no organismo e de que forma podem impactar no surgimento do câncer de mama.

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