Gripe aviária (Foto: Reprodução)

Gripe aviária (Foto: Reprodução)

Saúde

Gripe aviária no Brasil: posso comer frango e ovos sem risco?

País entra em alerta após primeiro caso em granja comercial; entenda os riscos, os cuidados e o impacto nas exportações.

O Brasil acendeu o sinal de alerta na última sexta-feira (16/5), após o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmar o primeiro caso de gripe aviária em uma granja comercial. A notícia gerou dúvidas na população — principalmente na mesa dos brasileiros: “Afinal, é seguro consumir carne de frango e ovos?”

A resposta, segundo o próprio Ministério, é clara:
“Não há dados epidemiológicos que sequer indiquem que a doença possa ser transmitida ao homem por meio de alimentos cozidos. Isto é relatado por todos os órgãos internacionais de saúde animal e humana”, garante a pasta.

Posso continuar comendo frango e ovos?

Sim. A gripe aviária não é transmitida pela carne ou pelos ovos, desde que estejam bem cozidos. O vírus H5N1 não sobrevive ao calor do cozimento, o que garante a segurança dos alimentos.

O risco só existe no consumo de carnes cruas ou mal passadas, além do contato com aves doentes, especialmente em ambientes rurais ou de criação doméstica.

Mas então… por que tantos países suspenderam as compras do frango brasileiro?

A suspensão tem caráter preventivo, não está relacionada à segurança do consumo. Trata-se de um protocolo internacional comum em casos de detecção de doenças aviárias, que visa evitar a entrada do vírus nos territórios importadores e proteger seus plantéis.

Mais de 20 países, incluindo China e União Europeia, pausaram temporariamente as importações — com foco principal no Rio Grande do Sul, onde o foco foi detectado.

O Brasil agora entra na chamada “contagem regressiva sanitária” de 28 dias. Se nenhum novo caso for registrado até lá, o país poderá se autodeclarar livre da doença e retomar as exportações normalmente.

O que foi feito para conter o surto?

O foco confirmado ocorreu em Montenegro (RS), numa granja de galinhas matrizes — ou seja, aves que produzem ovos férteis para a reprodução, não para o consumo direto.

Foram adotadas medidas rigorosas:

  • Extermínio dos animais doentes ou expostos ao vírus (mais de 7 mil aves);
  • Rastreamento e destruição das 20 milhões de unidades de ovos férteis produzidos na granja;
  • Barreiras sanitárias e desinfecção de veículos e equipamentos.

“A população brasileira e mundial pode se manter tranquila em relação à segurança dos produtos inspecionados, não havendo qualquer restrição ao seu consumo. O risco de infecções em humanos pelo vírus da gripe aviária é baixo e, em sua maioria, ocorre entre tratadores ou profissionais com contato intenso com aves infectadas (vivas ou mortas)”, reforça o Ministério da Agricultura.

E se, sem saber, alguém consumir frango contaminado?

Não há registro de carne ou ovos contaminados chegando aos supermercados. Ainda assim, o vírus não resiste ao cozimento. Portanto, carnes bem passadas, assadas, cozidas ou fritas estão seguras.

O que não se recomenda é o consumo de alimentos crus ou mal cozidos e, principalmente, de aves doentes ou mortas de forma súbita em ambientes de criação doméstica.

Cuidados na cozinha: recomendações da OMS

  • Mantenha o ambiente limpo;
  • Separe alimentos crus de alimentos cozidos;
  • Cozinhe bem os alimentos (temperatura acima de 70ºC elimina o vírus);
  • Armazene corretamente, evitando contaminação cruzada;
  • Use água potável e ingredientes seguros.

Como a gripe aviária se espalha?

O vírus circula principalmente entre aves migratórias, como patos, marrecos, gansos e cisnes, que são hospedeiros naturais.

A transmissão ocorre por:

  • Contato com fezes, saliva ou secreções de aves infectadas;
  • Água, ração e objetos contaminados (como calçados e roupas);
  • Ambientes sujos e mal higienizados, como viveiros e galpões.

Risco para humanos é muito baixo

Segundo a infectologista Gisele Borba, a transmissão para humanos é extremamente rara e ocorre, quase sempre, em pessoas com contato direto, frequente e intenso com aves doentes ou ambientes contaminados.

Quando há infecção, os sintomas são semelhantes aos da gripe comum:
Febre alta, dor de garganta, coriza e dor de cabeça. Nos casos mais graves, pode evoluir para insuficiência respiratória.

O tratamento inclui antivirais e costuma durar de uma a duas semanas.

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