Muitas pessoas costuma falar que “friagem causa gripe” e embora o frio não transmita vírus por si só, a ciência confirma que ele cria o cenário ideal para que doenças respiratórias se espalhem com mais facilidade, especialmente em pessoas que já enfrentam problemas pulmonares.
Com a recente queda nas temperaturas no Brasil, especialistas alertam para o impacto do clima gelado na saúde. Pelo menos oito capitais devem registrar as menores médias do ano nos próximos dias, e os cuidados com o sistema respiratório precisam ser redobrados.
O frio não é o vilão direto da gripe, que é causada por vírus, mas ele enfraquece as defesas naturais do corpo. A pneumologista Marcela Ximenes, da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, afirma que o ar gelado resseca o muco das vias respiratórias, o qual funciona como barreira contra agentes infecciosos.
Com esse muco seco e sem sua função protetora, nariz, garganta e pulmões ficam mais expostos a vírus e bactérias. Além disso, o frio reduz a atividade dos cílios das vias aéreas, pequenas estruturas que ajudam a expulsar impurezas e secreções. Isso prejudica a chamada “limpeza natural” das vias respiratórias e facilita infecções.
Quem já tem problemas respiratórios sofre ainda mais
Para quem já vive com doenças como asma, rinite ou sinusite, o frio pode agravar consideravelmente os sintomas. Segundo a médica Maria Cecília Maiorano, do AC Camargo Câncer Center, o ar gelado provoca a contração dos brônquios, o que dificulta ainda mais a respiração.
“Pessoas com problemas respiratórios já têm a passagem de ar dificultada, e o ar frio é um fator que potencializa esses sintomas”, alerta a especialista. A combinação entre a barreira protetora comprometida e o ar mais seco torna o ambiente perfeito para a piora de quadros respiratórios.
No frio, também há mudanças no comportamento: as pessoas tendem a manter portas e janelas fechadas e a passar mais tempo em ambientes mal ventilados, o que facilita a propagação de vírus como influenza, rinovírus e VSR.
“A ausência da circulação de ar faz com que vírus fiquem presos e sejam transmitidos com mais facilidade”, explica Maria Cecília Maiorano. Além disso, quando o corpo está combatendo um vírus, seu sistema imunológico pode ficar mais vulnerável a infecções bacterianas secundárias, como pneumonias.