Câncer de mama (Foto: Freepik)

Câncer de mama (Foto: Freepik)

Saúde

Confira!

Entenda motivo do aumento da mortalidade por câncer de mama e de colo do útero no Brasil

Município paulista aposta em rastreamento ativo para acelerar diagnóstico e combater avanço entre jovens

No interior de São Paulo, a cidade de Mococa passou a usar um sistema informatizado inédito para detectar precocemente o câncer de mama e o de colo do útero. Desde o fim de abril, duas das 13 unidades básicas de saúde do município adotaram o novo modelo. Ao contrário do sistema tradicional, que espera a iniciativa das pacientes, o novo método utiliza dados cruzados para identificar mulheres com perfil de risco e convocá-las diretamente para exames como mamografia e Papanicolau. Quando há suspeita, os casos são encaminhados para confirmação e início do tratamento.

A medida vem como resposta ao aumento da mortalidade por esses dois tipos de câncer, especialmente entre mulheres com menos de 40 anos. A proposta faz parte do programa ConeCta-SP, coordenado pela Fundação Oncocentro de São Paulo (Fosp), que desde 2022 ouve mulheres e profissionais de saúde em 50 unidades básicas de saúde para mapear obstáculos e preparar a mudança. A previsão é que o modelo alcance mais 19 cidades até junho e dois departamentos regionais de saúde até setembro.

O diagnóstico precoce continua sendo um dos grandes desafios no país. Dados mostram que, apesar da incidência de câncer de mama estar estável, a taxa de mortalidade aumentou, com destaque para mulheres jovens: entre aquelas com menos de 40 anos, o crescimento é de 1,8% ao ano. Uma das causas é a limitação do rastreamento gratuito, já que uma portaria de 2015 restringiu o acesso à mamografia pelo SUS a mulheres entre 50 e 69 anos.

A desigualdade racial também agrava o cenário. Entre 2000 e 2020, a mortalidade por câncer de mama entre mulheres negras aumentou quatro vezes mais do que entre as brancas. Mesmo sendo mais comum entre mulheres brancas, o acesso ao diagnóstico e ao tratamento ainda é mais difícil para as negras.

O câncer de colo do útero também preocupa. Apesar de ser um tipo de câncer prevenível, a taxa de mortalidade voltou a crescer após anos de queda, principalmente entre mulheres de 20 a 39 anos, com maior impacto na região Sudeste. A vacina contra o HPV, oferecida pelo SUS desde 2014 e capaz de prevenir até 90% dos casos, teve queda na cobertura em 2023: 82,5% das meninas foram imunizadas, abaixo da meta da OMS, que é de 90%.

Estudos apontam ainda que, entre mulheres jovens, há maior presença de fatores hereditários. Uma pesquisa da USP com 1.663 pacientes revelou que 20% dos diagnósticos tinham origem genética, índice que sobe para 25,8% entre aquelas com menos de 35 anos.

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