Junior Dutra e Fernando Garbi (Foto: Redes Sociais)

Saúde

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Conselho de medicina pede suspensão cautelar de dentista envolvido no caso Junior Dutra

CREMESP aciona o CROSP e o Ministério Público em investigação sobre morte de influenciador após procedimento estético feito por dentista

O Conselho Regional de Medicina (CREMESP) manifestou revolta diante da morte do influenciador Junior Dutra, ocorrida meses após um procedimento estético realizado pelo dentista Fernando Simionato Garbi. O caso é tratado como possível exercício ilegal da medicina.

Na segunda-feira (6), a Comissão de Defesa do Ato Médico (CDAM) da entidade encaminhou ofício ao Ministério Público de São Paulo (MPSP) e solicitou ao Conselho Regional de Odontologia do Estado de São Paulo (CROSP) a suspensão cautelar do profissional, requisitando providências imediatas em relação ao caso.

No documento, o Conselho destaca que o procedimento conhecido como fox eyes (olhos de raposa), ao qual o influenciador foi submetido, tem como objetivo alterar a posição do canto lateral das pálpebras, conferindo um aspecto mais alongado ao olhar. A prática é considerada invasiva e envolve regiões anatômicas que não fazem parte do campo de atuação da odontologia.

O Cremesp também pontua que, embora a causa oficial da morte ainda não tenha sido divulgada, há fortes indícios de relação com a intervenção estética, já que o influenciador teria relatado dores e inflamações faciais antes do falecimento.

O presidente do Cremesp e coordenador da Comissão de Defesa do Ato Médico (CDAM), Angelo Vattimo, classificou o caso como “mais uma tragédia anunciada”, ressaltando que o tema vem sendo alertado há anos pelo sistema conselhal e requer atenção imediata das autoridades. Segundo ele, o Conselho seguirá atuando de forma rígida na proteção das atividades exclusivas da medicina.

Conforme informações divulgadas pela imprensa, Junior Dutra chegou a acionar judicialmente o dentista responsável pelo procedimento, alegando que ele se apresentava nas redes sociais como médico especialista em cirurgia facial. O influenciador também teria relatado dificuldades em obter acesso ao próprio prontuário, mesmo após manifestar complicações atribuídas à intervenção estética.

O Cremesp destacou que apenas médicos devidamente habilitados podem realizar procedimentos invasivos, conforme previsto na Lei nº 12.842/13, que regula o exercício da medicina. Segundo o Conselho, a intervenção conduzida pelo dentista extrapola as atribuições da odontologia estabelecidas na Lei nº 5.081/66 e descumpre a Resolução nº 230/20, do Conselho Federal de Odontologia (CFO), que proíbe cirurgias estéticas na face, como o lifting de sobrancelhas e intervenções similares.

Em razão da gravidade do caso, a diretoria do Cremesp encaminhou um pedido ao Ministério Público de São Paulo (MPSP) para que sejam adotadas medidas imediatas, incluindo a possibilidade de interdição da clínica odontológica envolvida. Também foi solicitado ao CROSP a suspensão cautelar do registro profissional do dentista, diante do risco que sua atuação representa à saúde pública.

O Conselho reiterou que acompanhará o desenrolar das investigações e reforçou seu compromisso com a defesa do exercício ético e exclusivo da medicina no Estado de São Paulo.

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