Atividade física (Foto: Pixabay)

Atividade física (Foto: Pixabay)

Saúde

Atividade física é capaz de melhorar a função cognitiva em qualquer idade, aponta estudo

O levantamento analisou mais de 200 mil participantes, para entender de que forma os exercícios influenciam a cognição humana

Um estudo australiano corrobora com uma máxima já destacada por muitos profissionais de saúde: praticar exercícios físicos faz bem ao corpo! Mas a realidade é muito mais profunda. Isso porque, cientistas descobriram que, independentemente da intensidade, idade ou condição de saúde, os exercícios físicos podem favorecer o desempenho de funções cognitivas, como memória, atenção e raciocínio.

A constatação vem de uma ampla revisão conduzida por pesquisadores da Universidade do Sul da Austrália, publicada recentemente no British Medical Journal. O levantamento analisou 133 estudos, com mais de 200 mil participantes, para entender de que forma diferentes tipos e intensidades de exercícios influenciam a cognição. Os resultados indicam benefícios até em práticas de baixa ou moderada intensidade, perceptíveis em um período de um a três meses.

Atividades como ioga e tai chi chuan se destacaram por impactos mais significativos na memória, enquanto até os exergames — jogos eletrônicos que unem movimento físico e entretenimento digital — mostraram ganhos cognitivos. Segundo os autores, manter o corpo ativo também pode contribuir para retardar o declínio cognitivo.

“Essa relação entre exercício e melhora da cognição já era apontada por diversos estudos anteriores, mas o novo artigo reforça essa evidência de forma bastante sólida”, afirma o educador físico Brendo Faria Martins, especialista em fisiologia do exercício no Espaço Einstein Esporte e Reabilitação, do Hospital Israelita Albert Einstein.

Entre crianças e adolescentes, a prática regular esteve ligada a avanços de memória, enquanto, em pessoas com TDAH, houve melhora no foco e redução da impulsividade. Faria explica que esses efeitos podem ser atribuídos a fatores fisiológicos e cognitivos. “Do ponto de vista fisiológico, o exercício estimula a liberação de substâncias como o BDNF [Fator Neurotrófico Derivado do Cérebro, proteína que desempenha papel essencial no crescimento, desenvolvimento e manutenção dos neurônios], que favorecem a neuroplasticidade, o surgimento de novas conexões neuronais e a maior vascularização cerebral”, detalha.

Ele acrescenta que, em termos cognitivos, modalidades como tai chi e exergames demandam atenção, tomada de decisão, memorização de movimentos e coordenação motora. Essa exigência mental durante a prática potencializa os efeitos sobre o cérebro, gerando melhorias mais consistentes. “Em outras palavras, não é apenas o corpo que está ativo — o cérebro também é estimulado durante esses tipos de atividades”, conclui.

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