Desde criança, Bruno Araújo já observava com curiosidade os padrões das gravações em novelas e reportagens jornalísticas na televisão. Mesmo morando em uma pequena cidade do interior, com acesso limitado a computadores e à internet, seu interesse pelo audiovisual começou cedo. O primeiro contato mais próximo com esse universo foi em 2008, no laboratório de informática de sua escola, onde o professor de português e escritor Luiz Haiml apresentou ao jovem estudante o Movie Maker, editor de vídeo da Microsoft.
Ali, Bruno descobriu um mundo de possibilidades criativas: desenhava à mão, escaneava e animava suas produções no software que, embora fosse limitado, se tornava um playground de ideias. “Eu me virava com o que tinha, até fazia músicas dentro do que o programa permitia”, relembra.
O ponto de virada aconteceu no ensino médio, quando conheceu Deivisson Neves, colega que o apresentou ao Sony Vegas. A nova ferramenta multiplicou suas possibilidades e abriu caminho para produções mais ousadas, como uma websérie inspirada em The Walking Dead. Embora não tenha mais acesso a esses arquivos, Bruno guarda com carinho a memória das criações, curtas e projetos escolares que ajudaram a moldar sua paixão.
Da paixão à profissão
Nos anos seguintes, Bruno continuou explorando edições, animações e até canais no YouTube. O desejo de evoluir o levou ao contato com o pacote Adobe. Em 2018, incentivado pelo amigo e parceiro de longa data Ezequiel Hartz, mergulhou no universo do Adobe Premiere e do After Effects, ampliando suas possibilidades de criação. Logo deixou o emprego fixo para empreender no audiovisual.
Com Ezequiel oferecendo as gravações e Bruno focado na edição, começaram os trabalhos profissionais já no final de 2019. A pandemia, que parecia um desafio intransponível, acabou se transformando em oportunidade: graças à experiência adquirida em transmissões ao vivo no seu antigo canal de games, Bruno encontrou espaço em um mercado que explodiu naquele momento — as lives eleitorais. Trabalhou em campanhas de candidatos à prefeitura, conheceu o radialista e videomaker Rafa Bonete, e juntos construíram uma sólida parceria.
Inovação e destaque nacional
Foi ao lado de Rafa que Bruno se destacou em transmissões ao vivo para diferentes segmentos, de leilões de gado a produções institucionais para empresas em todo o Brasil. Mas o divisor de águas veio com a descoberta do universo dos vídeos em tempo real para eventos.
Relutante a princípio, Bruno aceitou o desafio e, em seu primeiro evento em Santa Catarina, viu um horizonte totalmente novo. A experiência se consolidou e, junto a Rafa, passou a oferecer produtos inovadores, como vídeos sameday com qualidade de grandes equipes, mas produzidos de forma ágil e diferenciada.
“A edição em tempo real de eventos tem muito a agregar para grandes marcas. Hoje, os grandes eventos não abrem mão de ter tudo postado na hora. Isso já é usado até em casamentos, quando o profissional cria conteúdo e posta no perfil dos noivos enquanto a festa acontece. É incrível imaginar, um ano depois, você voltar ao feed e reviver passo a passo aquele dia”, explica.
O ingresso no 3D, através do Blender, foi outro marco: suas animações tornaram-se um diferencial competitivo. Essa evolução o levou a novas parcerias, como com Allan e Fernando Quintas, resultando na mudança definitiva para Santa Catarina.
Digital Experience Brasil: uma nova fase
A sociedade com os Quintas abriu as portas para um dos principais eventos do setor: a Digital Experience Brasil, criado por Fernando em Santa Catarina e posteriormente expandido para São Paulo. Bruno assumiu a Direção de Audiovisual do evento, criando toda a identidade visual e animações que estampam os telões.
“O mais gratificante é ver o nível crescer a cada edição e poder dizer que tudo o que o público assiste nas telas do evento é fruto do meu trabalho”, afirma Bruno, que já se prepara para a terceira edição do encontro.
E a jornada vai além: “O Digital Experience será expandido internacionalmente, e esse será um novo desafio para mim”, revela.
Reconhecimento, visão de futuro e gratidão
Bruno já teve a oportunidade de atender grandes marcas e empresários. Para ele, os eventos são muito mais que encontros profissionais: “As pessoas empreendem ‘sozinhas’, mas essa onda de eventos veio para unir todos, trocar aprendizados, gerar network. A criação de conteúdos em tempo real agrega muito para esse tipo de encontro: gera vontade de ir em quem não foi e nostalgia em quem esteve presente.”
Além de atuar diretamente na produção, Bruno também compartilha sua experiência em mentorias para novos profissionais. Ele ressalta que o mercado exige muito mais do que apenas domínio de ferramentas:
“Um artista precisa vender sua arte se quiser viver disso. É preciso ter boas ideias, estudar referências que já funcionaram no mercado e fazer releituras criativas. Isso vale para qualquer área. E, para escalar de verdade, no final sempre é necessário ter uma boa equipe, gente de confiança, que esteja na mesma sintonia.”
Sua própria trajetória comprova isso: Bruno aprendeu a fazer lives, a produzir para YouTube, a criar conteúdos institucionais, animações e hoje tem como carro-chefe o 3D e os efeitos visuais. “Já passei por momentos em que precisei repassar trabalhos e sei como é difícil encontrar alguém que tenha o mesmo cuidado que você. A solução é justamente criar conexões, participar de eventos da área e se cercar de profissionais alinhados.”
Ao olhar para trás, Bruno se emociona com a trajetória: de um jovem do interior, com equipamentos limitados e softwares básicos, a um profissional que hoje comanda produções de alto nível em eventos nacionais — e agora se prepara para levar sua arte ao cenário internacional.
Ele não esquece os nomes que marcaram sua jornada: Deivisson, que lhe apresentou o Sony Vegas; Ezequiel, parceiro de empreendimentos; Rafa Bonete, que o incentivou a mergulhar no real time; Luiz Marques, sócio de estúdio de dublagem em São Paulo e mentor em decisões de carreira; e a parceria com Fernando e Allan.
“Sem os conselhos e a parceria de cada um deles, talvez nada disso tivesse acontecido. Hoje posso dizer que consegui — mas sei que ainda há muito pela frente”, resume Bruno.