O som seco e metálico do laser estalando na pele é uma das piores partes da remoção de tatuagem. Descrito por quem passa pelo procedimento como um misto de “estalo” e “crepitar”, lembra o barulho de alguém sendo eletrocutado em um desenho animado. O desconforto é tanto que os pacientes usam óculos de proteção e, muitas vezes, preferem fechar os olhos, dominados pelo medo. “Eles têm que queimar uma camada da sua pele… E você tem que fazer isso tipo mais 12 vezes”, relatou Pete Davidson, comediante e ex-namorado de Kim Kardashian, no programa de Jimmy Fallon.
A comparação faz sentido, mas não é exatamente precisa. Embora o cheiro de “biomatéria quente” alimente o imaginário de quem acha que está queimando a própria pele, o processo é outro. “O cheiro realmente assusta as pessoas, mas são só os folículos capilares. É o mesmo cheiro de cabelo queimado”, explica Jeff Garnett, cofundador da Inkless, rede especializada em remoção. Na prática, o laser de picosegundo aquece a tinta da tatuagem em trilionésimos de segundo, quebrando as partículas em pedaços menores, que depois são absorvidos pelo sistema imunológico.
O avanço da tecnologia e a queda nos preços tornaram o procedimento mais popular — e menos agressivo. Celebridades como Zoë Kravitz, Ariana Grande, Pharrell Williams e Jemima Kirke já removeram tatuagens. Davidson, por exemplo, teria desembolsado cerca de £150 mil (R$ 1,1 milhão) na remoção. Redes como a Removery e a Inkless oferecem desde pacotes completos até sessões gratuitas para ex-detentos, vítimas de violência ou quem deseja apagar símbolos racistas.
A crescente busca revela uma mudança cultural. Millennials que se tatuaram aos 20 anos agora chegam aos 40 e questionam as marcas do passado. “Estamos literalmente desafiando as leis da gravidade quando fazemos uma tatuagem e também quando removemos”, resume Rebecca, técnica da Inkless. Nesse mercado em expansão, remover tatuagem já deixou de ser tabu e virou parte da rotina estética, assim como o botox ou o clareamento dental.