Queda de cabelo (Foto: Instagram)

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Queda de cabelo após uso de Mounjaro e Ozempic levanta alerta entre especialistas

Medicamentos destinados a diabetes e usados para emagrecimento chegaram ao Brasil e vêm ganhando força

A chegada do medicamento Mounjaro ao Brasil tem levantado discussões sobre possíveis efeitos adversos do uso de remédios injetáveis para emagrecimento, como o próprio Mounjaro, Ozempic e Wegovy. Um dos relatos mais frequentes entre pacientes é a queda de cabelo durante ou após o tratamento, o que levou dermatologistas a investigar a relação entre essas substâncias e a saúde dos fios.

Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional São Paulo (SBD-RESP), os relatos estão associados, principalmente, à semaglutida e à tirzepatida, princípios ativos usados nesses medicamentos. A perda de cabelo, embora não seja um efeito colateral direto, pode ocorrer de forma indireta, resultado de perda de peso acelerada e eventuais deficiências nutricionais causadas pelo tratamento.

“Embora a queda de cabelo não seja um efeito colateral direto do medicamento, o uso da semaglutida e de outras substâncias presentes nas canetas emagrecedoras pode levar à perda de peso rápida e causar deficiências nutricionais (como falta de proteínas, vitaminas e minerais). Essas deficiências e a perda de peso rápida podem desencadear condições como eflúvio telógeno (queda temporária de cabelo). Geralmente essa queda acontece entre dois e quatro meses do início da medicação”, explica o dermatologista Gabriel Lazzeri Cortez.

A dermatologista Jade Cury, presidente da SBD-RESP, complementa: “Esses relatos estão mais associados à perda de peso rápida e a possíveis deficiências nutricionais do que ao medicamento em si. Quem usa doses mais altas desses medicamentos sem a devida supervisão médica e acompanhamento nutricional tem maior risco de queda de cabelo. As principais deficiências nutricionais que levam ao eflúvio telógeno são de proteínas, ferro, zinco e vitaminas, pois esses são nutrientes essenciais para a saúde e formação do fio de cabelo”.

A maioria dos casos se refere ao eflúvio telógeno, uma condição temporária em que os fios entram precocemente na fase de queda. “Geralmente, o cabelo volta a crescer após o corpo se ajustar e os níveis nutricionais serem restabelecidos”, afirma Jade. No entanto, em pessoas com predisposição à alopecia androgenética, essa perda temporária pode acelerar o processo de calvície.

“Isso ocorre porque, após a queda, o cabelo que volta a crescer pode ser mais fino e fraco do que o anterior, levando a um afinamento progressivo do cabelo. Nesses casos, o uso das canetas emagrecedoras pode potencializar o processo de miniaturização dos folículos capilares, agravando a condição. Portanto, embora a queda seja temporária para a maioria, em indivíduos com alopecia androgenética, o efeito pode ser mais significativo e contribuir para uma potencial progressão da calvície”, destaca Gabriel.

Além dos medicamentos, a SBD-RESP alerta que dietas muito restritivas também podem afetar diretamente a saúde capilar. “O corpo prioriza funções vitais em detrimento do crescimento do cabelo quando há carências nutricionais, o que pode resultar em eflúvio telógeno”, diz o médico.

O tratamento para a queda capilar exige uma abordagem personalizada, que inclui ajuste nutricional, suplementação e avaliação médica. “Suplementos podem ser úteis se houver deficiências comprovadas por exames laboratoriais. Biotina, vitaminas do complexo B, vitamina D, zinco, ferro e magnésio são nutrientes essenciais para a saúde capilar. No entanto, é fundamental que um médico avalie e prescreva os suplementos adequados, pois o excesso de alguns nutrientes pode ser prejudicial. Uma dieta equilibrada, rica em proteínas, vitaminas e minerais, também é fundamental para prevenir e tratar a queda de cabelo associada a deficiências nutricionais”, explica Gabriel Lazzeri.

“É essencial consultar um dermatologista para avaliar a causa da queda de cabelo e indicar o tratamento mais adequado. O profissional pode diagnosticar se a queda está relacionada ao uso do medicamento, a deficiências nutricionais, a condições como eflúvio telógeno ou alopecia androgenética, ou a outros fatores. Em casos específicos, o dermatologista pode recomendar medicamentos tópicos ou orais, como minoxidil ou finasterida, que são eficazes no tratamento de certos tipos de queda de cabelo”, completa o médico.

“Mas é fundamental que nunca se inicie o uso de suplementos ou tratamentos sem orientação médica. O excesso de certos nutrientes, como zinco ou vitamina A, pode piorar a queda de cabelo. O dermatologista é o profissional mais indicado para avaliar a saúde capilar, identificar a causa da queda e prescrever o tratamento adequado, evitando procedimentos desnecessários ou potencialmente prejudiciais”, finaliza Jade.

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