Procrastinação (Foto: Reprodução)

Procrastinação (Foto: Reprodução)

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Por que procrastinamos? Especialistas explicam causas e como treinar o cérebro para vencer o hábito

Neurociência aponta fatores biológicos, emocionais e comportamentais por trás da procrastinação e sugere estratégias para superá-la

Deixar tarefas para a última hora pode parecer algo comum, mas quando vira rotina, a procrastinação pode trazer impactos sérios para a saúde mental, produtividade e vida pessoal. Em entrevista à CNN, a doutora em Neurociência Comportamental Ana Carolina Souza explicou que o comportamento está ligado a padrões inconscientes, muitas vezes associados a ansiedade, baixa autoestima e dificuldades de autocontrole. “Ao se tornar uma rotina, a procrastinação pode gerar grande estresse, angústia e frustração”, afirmou.

Do ponto de vista biológico, estudos apontam o papel de regiões cerebrais como a amígdala e o córtex cingulado anterior. Uma pesquisa de 2018 publicada na revista Psychological Science mostrou que procrastinadores crônicos têm amígdala maior e menor conexão com áreas do cérebro responsáveis pelo autocontrole. Além disso, a baixa disponibilidade de dopamina em regiões ligadas à motivação agrava a dificuldade de iniciar e manter tarefas.

Segundo Souza, a procrastinação também é uma forma do cérebro buscar recompensas imediatas, já que tarefas complexas ou com retorno a longo prazo não estimulam a liberação rápida de dopamina. “O cérebro prefere atividades que tragam prazer instantâneo”, explicou. Isso faz com que, mesmo sabendo das consequências negativas, muitas pessoas continuem adiando o que precisam fazer.

Para quebrar esse ciclo, a especialista sugere estratégias baseadas na neuroplasticidade, como dividir tarefas grandes em partes menores, organizar a rotina de acordo com os momentos de maior energia, estipular prazos curtos e realistas, além de adotar hábitos saudáveis que favoreçam a produção de dopamina, como sono de qualidade e exercícios físicos. “É possível treinar o cérebro para criar novos padrões de comportamento, mas é preciso tempo, dedicação e, em alguns casos, ajuda profissional”, concluiu.

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