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Por que a Páscoa está cada vez mais salgada para o bolso dos brasileiros

Cesta de Páscoa acumula alta de quase 70% em cinco anos, com chocolate e azeite entre os vilões da inflação.

Se você sentiu o impacto ao passar pelo corredor de chocolates neste ano, não está sozinho. A tradicional cesta de Páscoa — que reúne itens como pescados, azeite, leite condensado, biscoitos e, claro, chocolate — ficou 69,87% mais cara entre fevereiro de 2020 e fevereiro de 2025, segundo levantamento da Rico.

A pesquisa analisou a inflação acumulada de produtos ligados à data e mostrou que a maioria subiu bem acima do IPCA, que foi de 35,43% no período. E o chocolate, grande estrela da festa, não escapou: bombons e barras tiveram alta de 56,43%, enquanto o achocolatado em pó subiu 69,81%.

“O comportamento dos preços revela um cenário misto, mas que, no conjunto, manteve a Páscoa mais cara para o consumidor”, analisa Maria Giulia Figueiredo, da equipe de research da Rico.

Por que está tudo mais caro?

O aumento nos preços não veio do nada. Além do já conhecido peso do açúcar, que acumulou alta de mais de 80% em cinco anos, o cacau se valorizou 173% só em 2024, devido a problemas climáticos nas principais regiões produtoras, como Costa do Marfim e Gana.

Outro fator foi a queda na produção de ovos de Páscoa. A Abicab (Associação Brasileira da Indústria de Chocolates) registrou que foram fabricados 45 milhões de unidades em 2025, uma redução de 22,4% em relação ao ano anterior. Menos oferta, mais pressão sobre os preços.

E o alívio não veio nem com a queda do cacau

Apesar de o preço internacional do cacau ter caído em 2025, os consumidores ainda não viram esse reflexo nas prateleiras. Isso acontece porque os estoques de chocolate foram adquiridos com valores anteriores mais altos.

Inflação da cesta de Páscoa (2020–2025):

  • Azeite de oliva: 119,36%
  • Açúcar cristal: 85,69%
  • Açúcar refinado: 81,98%
  • Morango: 81,24%
  • Achocolatado em pó: 69,81%
  • Chocolate barra e bombom: 56,43%
  • Leite condensado: 55,05%
  • Manteiga: 50,36%
  • Biscoito: 46,23%
  • Balas: 30,80%
  • Pescados: 19,15%
  • Cesta de Páscoa: 69,87%
  • IPCA (referência): 35,43%

Mesmo com pequenas quedas pontuais nos últimos meses — como nos preços do morango ou do açúcar refinado —, especialistas alertam que isso não representa uma tendência de alívio duradouro.

“Embora produtos como açúcar refinado, açúcar cristal e morango tenham registrado queda nos preços nos últimos 12 meses, alguns deles foram os que mais acumularam alta nos últimos cinco anos”, afirma Maria Giulia. “Ou seja, a deflação recente pode ser mais um ajuste pontual após picos de preço.”

Com o orçamento mais apertado, o desafio dos consumidores é equilibrar tradição e criatividade — seja apostando em versões caseiras de ovos ou investindo em presentes alternativos. Mas uma coisa é certa: a Páscoa nunca pesou tanto no bolso.

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