Nos últimos tempos, os bebês reborn — bonecos artesanais que imitam com perfeição bebês de verdade — vêm dominando as redes sociais. Apesar de ser uma prática conhecida há décadas, o assunto voltou aos holofotes após influenciadoras mostrarem suas coleções, o que acabou gerando desde memes até debates sérios, como discussões jurídicas e até projetos de lei no Congresso.
Criadora de bonecos reborn desde 2002, Sara Gomes, de 55 anos, explica que o interesse veio ainda na infância, quando convivia com a fábrica de bonecas de louça dos pais. “Sempre amei bonecas. Quando descobri a técnica reborn, fiz um curso e nunca mais parei”, conta. Conhecidas no meio como “cegonhas”, as artesãs costumam produzir as peças sob encomenda, tanto para crianças quanto para adultos.
O processo começa com um kit de vinil ou silicone, que vem com cabeça, braços, pernas e corpo separados. Sara detalha que a preparação envolve limpeza, neutralização e definição do tom de pele, conforme o cliente deseja. Depois, vem a pintura hiper-realista, feita em várias camadas, com técnicas que simulam veias, manchinhas, texturas da pele e até os vincos naturais de um bebê.
Após finalizar a pintura, a artesã sela todo o boneco com verniz para garantir durabilidade. O cabelo e os cílios são implantados fio a fio, um dos processos mais demorados e delicados. Para Sara, o trabalho vai além da estética. “Já tive clientes que lidavam com depressão e me disseram que o bebê reborn trouxe alegria. No fundo, é um resgate da infância, do simples ato de brincar de boneca”, conclui.
