Assassinatos, sequestros, investigações obscuras e reviravoltas surpreendentes. Nos últimos anos, os chamados true crimes (crimes reais) se tornaram um fenômeno absoluto no streaming. Séries como Dahmer, Making a Murderer, Don’t F**k With Cats e O Caso Evandro atraem milhões de espectadores, geram discussões acaloradas nas redes sociais e frequentemente figuram entre os conteúdos mais assistidos da Netflix, Globoplay, Amazon Prime e outras plataformas.
Mas afinal: por que o público não consegue desviar os olhos dessas histórias tão perturbadoras?
1. A natureza humana adora um mistério
Desde os tempos antigos, somos atraídos por histórias com enigmas a serem resolvidos. Os true crimes envolvem justamente isso: o “quebra-cabeça” de entender o que levou alguém a cometer um crime — ou como a polícia chegou (ou não) ao culpado. É o mesmo apelo das ficções policiais, mas com o “tempero” da realidade.
2. Um espelho da sociedade
True crimes, muitas vezes, revelam falhas no sistema de justiça, desigualdades sociais e até preconceitos. Mais do que casos isolados, muitos deles escancaram problemas estruturais. O público se sente compelido a assistir não apenas pelo entretenimento, mas pela denúncia.
3. O fascínio pelo proibido
Existe também o que alguns especialistas chamam de “curiosidade mórbida”: uma necessidade quase instintiva de olhar para aquilo que nos assusta. Ver esses casos de fora, com a segurança da tela, pode ser uma forma de o cérebro “praticar” situações de risco ou tentar entender o mal sem vivenciá-lo.
4. Edição viciante
As plataformas de streaming sabem exatamente como manter a atenção do público. Usam trilhas sonoras impactantes, reconstituições dramáticas e técnicas de suspense dignas de séries de ficção. O resultado? Ganchos que fazem o espectador dizer: “só mais um episódio…”
5. A ilusão de justiça
Para muitos, acompanhar esses casos até o fim é quase uma forma de “reparação emocional”. Ver o culpado ser preso — ou as dúvidas sendo esclarecidas — dá a sensação de que o mundo ainda tem algum senso de ordem, mesmo que momentâneo.