Maria Gladys, 85 anos, um ícone da dramaturgia brasileira, foi encontrada em situação delicada em Santa Rita de Jacutinga (MG), visivelmente desorientada e pedindo dinheiro. Em entrevista emocionada à Rádio Tupi, a atriz desabafou em lágrimas:
“Tô maluca, não sei o que eu faço. Como eu vou dizer que não tenho dinheiro para pagar isso aqui? Como eu vou sair daqui? Não tenho dinheiro nem para pagar o táxi para ir embora. Onde eu vou ficar, na rua?”
O relato escancarou a fragilidade de sua condição atual. Além da crise financeira, Maria Gladys acusou uma de suas filhas, Maria Thereza Mello Maron, de ter utilizado sua aposentadoria sem consentimento.
A resposta veio logo em seguida. Em um post no Facebook, Maria Thereza negou qualquer irregularidade e responsabilizou a própria mãe pelo esgotamento dos recursos:
“Ela estava dura, porque era final do mês. Consegui pra ela ficar num hotel no Flamengo, consegui pra ela ficar fiado. Ela ficou duas noites. Ela teve que sair, foi dormir na casa de um amigo. Quando foi dia 2 [de abril], quando ela recebeu a aposentadoria, ela pagou o que estava devendo no hotel.”
Segundo a filha, episódios semelhantes se repetiram, o que teria levado a atriz a zerar suas finanças, gastando com hospedagens e bebidas.
O caso pode parar na Justiça?
Diante das acusações públicas, a CONTIGO! conversou com o advogado Leonardo Marcondes, especialista em direito de família, que explicou os caminhos legais possíveis para ambas.
“Se a mãe acredita que foi vítima de apropriação indevida de seu patrimônio — ou seja, que sua filha se apoderou de seus bens ou dinheiro de maneira indevida — ela pode procurar a Delegacia da Mulher ou qualquer delegacia comum, registrar boletim de ocorrência e relatar o ocorrido”, afirmou.
“A depender das provas, pode ser configurado o crime de furto, apropriação indébita ou até violência patrimonial, que é uma forma de violência prevista expressamente na Lei Maria da Penha”.
Por outro lado, caso Maria Thereza se sinta injustamente acusada, também pode reagir legalmente:
“Ela tem todo o direito de se defender judicialmente. Pode apresentar provas, esclarecer os fatos e buscar uma reparação por eventuais prejuízos à sua honra, caso as acusações sejam falsas e tenham causado danos à sua imagem pública ou pessoal”, explicou Leonardo.
E se a acusação for considerada injusta?
O advogado alerta que, se for comprovado que Maria Gladys caluniou a filha sem fundamentos, ela pode ser responsabilizada. Segundo ele, esse tipo de ofensa é previsto tanto na Constituição quanto no Código Civil:
“Ninguém pode sair impune por expor, caluniar ou destruir a reputação de alguém — mesmo que esse alguém seja um familiar. A Justiça existe também para proteger contra esse tipo de violência emocional ou moral”, completou.
O valor de uma eventual indenização depende da gravidade da acusação, do impacto causado, das condições financeiras das partes e da intenção de quem acusou.