Noiva de Oruam (Foto: Instagram)

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Noiva de Oruam defende rapper na Alerj: “Ele não é bandido”

Fernanda Valença discursou em audiência pública e criticou a criminalização de artistas negros e periféricos após a prisão do rapper

Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, conhecido como Oruam, está preso há 14 dias após se entregar à polícia devido a uma operação, na casa do rapper, na Zona Oeste do Rio. Em busca de justiça, a noiva de Oruam, Fernanda Valença, participou de uma audiência pública na Comissão de Direitos Humanos da Alerj, e fez um discurso em defesa do artista.

Durante a audiência com o tema “Direito à produção artístico-cultural de favela!”, promovida pela deputada Dani Monteiro, Fernanda afirmou:
“Mauro canta suas próprias dores, alegrias e vivências, e muitas vezes empresta sua voz para dar vida à realidade de outras pessoas. Isso não deveria ser normal no meio artístico? Durante muito tempo, a sociedade tenta criminalizar a cultura negra e periférica (…) Mauro nunca foi o que tentam, a todo custo, fazer dele. Ele não é bandido! Ser MC não é ser bandido! Cantar a realidade da favela, de pessoas pretas — ou seja, a realidade do Brasil — não te faz bandido. Mas agora podemos ver que isso te torna alvo”.

A influenciadora estava acompanhada de nomes conhecidos do funk carioca, como Chefin, Borges, MC Nem e MC Frank. Fernanda reforçou que o problema vai além da história de Oruam: “Essa luta vai muito além da nossa história pessoal. Ela carrega o peso de tantos outros artistas que foram e ainda são discriminados, criminalizados e silenciados simplesmente por sua origem, cor da pele e por contarem a verdade em forma de música, de arte”.

Veja o vídeo:

Deputados propõem leis para proteger artistas das periferias

O evento também contou com a presença dos parlamentares Pastor Henrique Vieira e Dani Monteiro (PSOL-RJ), que anunciaram projetos de lei voltados à proteção da liberdade de expressão e ao incentivo da cultura negra e popular. As propostas buscam impedir a censura contra artistas que retratam a vida nas favelas. O rapper MC Poze do Rodo foi outro nome citado durante a audiência, já que também chegou a ser preso sob acusação de apologia ao tráfico por conta das letras de suas músicas.

Oruam está detido na Penitenciária Dr. Serrano Neves, em Bangu, onde agora divide uma cela com outros oito detentos, após ser transferido de uma cela individual na última sexta-feira. Ele foi realocado para uma galeria com mais de 140 presos, depois de passar pela triagem do sistema penitenciário.

A prisão do cantor teve início no dia 21 de julho, quando policiais da Delegacia de Repressão a Entorpecentes foram até sua residência para cumprir um mandado de busca e apreensão contra um adolescente infrator. O jovem, envolvido com o Comando Vermelho, havia descumprido medidas socioeducativas. Durante a operação, o menor escapou após uma viatura ser apedrejada por Oruam e outros presentes no local.

Na fuga, o adolescente e amigos se esconderam na mata. Um dos envolvidos, Paulo Ricardo de Paula Silva de Moraes, conhecido como Boca Rica, foi preso em flagrante. Vídeos gravados pelos jovens foram usados como provas no inquérito que resultou na prisão de Oruam em 24 de julho. Ele pode responder por ameaça, dano ao patrimônio público, desacato, resistência e associação ao tráfico, crimes que somados podem resultar em até 18 anos de reclusão.

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