A trajetória de Natacha Horana, 34 anos, passou por uma mudança profunda depois da fase no sistema prisional. A representante da Gaviões da Fiel passou a enfrentar síndrome do pânico, perturbações noturnas e obstáculos para iniciar novas relações afetivas. As primeiras crises surgiram durante o período de detenção, mas o diagnóstico e a busca por tratamento começaram somente quando a liberdade foi restabelecida.
Natacha permaneceu privada de liberdade entre novembro do ano anterior e março, apontada por lavagem de dinheiro e possível ligação com grupos criminosos. “Fui diagnosticada através de um psiquiatra depois que saí. Faço tratamento e sou acompanhada. Faço uso de medicamentos para dar uma amenizada”, afirma Natacha Horana, que relata a continuidade das crises. “[Crises] de ter vezes de não conseguir comparecer em eventos, lugares que são importantes pra mim. Ainda tenho momentos em que o pânico aparece de surpresa. A diferença é que agora eu reconheço os sinais, e tento controlar com algumas respirações e medicamentos”.
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O tratamento avança com apoio psicológico e consultas médicas. “Faço terapia regularmente e sigo acompanhamento médico quando necessário. Pra mim, pedir ajuda deixou de ser fraqueza e virou maturidade. Eu cuido da minha mente como cuido do meu corpo: com disciplina, com amor e com responsabilidade”, afirma Natacha Horana. A ex-bailarina relata também que os traumas continuam presentes. “O que as pessoas não imaginam é o trauma pós. Tenho pesadelos com aquele lugar diariamente. Eu nunca tive problemas com sono. Mas depois de lá ele nunca mais foi o mesmo”.
A rotina de Natacha Horana passou a incluir ainda episódios de agorafobia. “Medo das sensações. Às vezes, lugares movimentados ou situações imprevisíveis ativam meu gatilho. Mas eu me forço a sair, porque sei que me isolar só alimenta o ciclo. Cada dia é uma vitória. Eu celebro pequenos passos.”
As dificuldades para lidar com novas pessoas também aumentaram. “Criei certa resistência. Traumas emocionais deixam a gente mais desconfiada, mais seletiva. Não é medo das pessoas, é medo de reviver dores. Mas, aos poucos, estou me permitindo me abrir de novo.”
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“Já tive no começo. Às vezes, estava me arrumando e dava uma crise, um medo, um pânico, um choro que não conseguia segurar. E quando o pânico vem é muito ruim. Porque depois nós sentimos com raiva de nós mesmos, de incapacidade. Mas, depois de ir algumas vezes à Gaviões, eu passei a me sentir em casa. É impressionante como meu corpo reage diferente lá. A energia é outra, é acolhimento, é pertencimento. Lá eu não me sinto julgada, me sinto parte. É um dos poucos lugares onde minha alma descansa, onde eu realmente consigo ser leve. É por isso que voltar para a avenida significa tanto pra mim. E cura também”, conclui Natacha Horana.