A CPI das Bets, criada para investigar o mercado de apostas esportivas online e eventuais práticas criminosas ligadas ao setor, encerrou seus trabalhos nesta terça-feira (10) com a apresentação do relatório final pela senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS). O documento sugere o indiciamento de 16 pessoas, incluindo empresários, representantes de plataformas e influenciadores digitais.
Um dos nomes mais comentados é o de Virginia Fonseca, acusada de “suposta prática de estelionato e publicidade enganosa”. A convocação da influenciadora em maio chamou a atenção pelo forte público presente, que lotou o Senado para tirar fotos com ela, provocando até interrupções na sessão. Na época, o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), classificou a audiência como “um circo”.
Outro destaque do relatório é a influenciadora Deolane Bezerra. Segundo o texto, ela teria vínculo direto com a empresa de apostas ZeroUm, sendo apontada como “sócia oculta” e por promover os serviços da companhia sem autorização legal. A parlamentar afirma que “há elementos consistentes de que ela integra a operação da empresa e divulga ostensivamente os serviços, mesmo sem autorização legal”. As acusações contra Deolane incluem participação em jogos de azar, lavagem de dinheiro e possível envolvimento em organização criminosa.
Durante os sete meses de trabalho, a comissão enfrentou dificuldades políticas e críticas, inclusive do próprio Alcolumbre, que chegou a classificar as audiências como “espetacularização” do processo. A relatora tentou prorrogar os trabalhos, mas não encontrou apoio suficiente no Senado.
A CPI também ouviu o influenciador Rico Melquiades, que protagonizou um momento inusitado ao ensinar senadores a jogar o famoso “Tigrinho”, uma das apostas online investigadas.
Além dos pedidos de indiciamento, o relatório final apresenta 18 projetos de lei com o objetivo de regulamentar o mercado de apostas eletrônicas, buscando coibir práticas ilegais e fortalecer a fiscalização do setor. As conclusões agora serão encaminhadas para o Ministério Público e para a Advocacia-Geral da União, que decidirão sobre as eventuais denúncias e a responsabilização dos investigados.