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Ana Paula e Ananda (Foto Reprodução Redes Sociais)

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Ananda se manifesta após acusação de racismo contra Ana Paula Minerato; veja o vídeo

Cantora Ananda denuncia racismo e desabafa sobre ataques recebidos: “Racistas não passarão”

A vocalista do grupo Melanina Carioca, Ananda, usou suas redes sociais nesta quinta-feira (28) para se posicionar sobre uma acusação de racismo contra Ana Paula Minerato. O caso foi registrado pela artista na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), na Lapa, Rio de Janeiro, na quarta-feira (27). No Instagram, Ananda compartilhou reflexões sobre o episódio e ressaltou a importância do combate ao racismo.

“Foi muito difícil fazer esse pronunciamento, mas resolvi fazê-lo trazendo uma dose de letramento racial e um pouco da minha história. O que não podemos mais é aceitar que atitudes racistas fiquem impunes. Racistas não passarão! Quero justiça e destinarei o valor da indenização para projetos de educação antirracista e de gênero”, escreveu a cantora na legenda do vídeo publicado.

No material, Ananda detalhou as ofensas racistas que recebeu, destacando como foram dirigidas não apenas a ela, mas também a sua origem e história familiar. “Eu fui a pessoa a quem foram proferidas essas palavras. Mas aí ela ‘cutucou’ um negócio muito maior. Ela foi num lugar muito maior. Fui vítima disso por conta dos meus traços de africanidade, onde ela fala sobre minha família, meus pais, minhas tias e falam sobre os meus colegas de trabalho”, disse.

A cantora expressou sua tristeza em ter sido exposta de maneira tão pública. “Eu sou bem reservada, bem na minha, embora vocês conheçam como potente e forte. Sou potente e forte, mas sou na minha, mais introvertida. Então, isso pra mim vai ser positivo porque a gente vai poder falar sobre isso mais uma vez”, afirmou.

Ela também rebateu críticas de que estaria se beneficiando da situação: “Se é pra dar palco para isso, que seja. Mas não era a minha vontade. Então, para de falar que eu estou me aproveitando dessa pauta porque não é sobre isso, não é mais sobre mim. Não se distraiam, foquem no que realmente é importante. ‘Ai, porque ela é branca’. Foram palavras racistas que foram direcionadas a mim”, defendeu.

Em seu relato, Ananda abordou as dificuldades de ser aceita socialmente devido aos seus traços miscigenados. “Ela cometeu um crime. Ela fez um pedido de desculpas, mas cometeu um crime, e isso tem que ser visto como crime, dando a seriedade que o assunto tem. Existe essa questão de eu ser vista dessa forma por conta dos meus traços negroides. Essa confusão porque tenho a pele muito clara. Então como é isso? Como ela se encaixa? Porque ela é muito branca pra ser preta, mas muito preta pra ser branca?”, questionou.

A cantora destacou que o tema da miscigenação no Brasil é complexo e pouco explorado, especialmente para pessoas de pele clara com traços negroides. “Eu, como disse, estou fazendo um letramento racial para entender melhor isso. Porque é um assunto novo pra todo mundo. Infelizmente, a gente não aprende isso na escola. O que é muito contraditório porque é lá que começa isso [racismo]. Porque na escola você entende que é diferente.”

Ela também relembrou episódios de racismo e bullying na infância, que a marcaram profundamente: “Nesse momento, onde eu sou agredida e sofro essas violências e esse bullying, eu fico com raiva de ser quem eu sou. Com vergonha de ser quem eu sou. E ali eu desejo ser branca do cabelo liso. Chego em casa e digo para minha mãe: ‘Eu não quero mais ser assim'”.

Ananda contou que passou 10 anos alisando o cabelo devido aos comentários racistas que recebia. “Foi uma década. E dentro desse tempo, eu entrei na fase adulta, onde tenho uma transição [capilar] interna. Primeiro uma aceitação interna, onde eu me encho de consciência e de amor-próprio, e eu entendo que devo ser quem sou, que sou adequada do jeito que sou, não só pelo meu cabelo, mas pelo meu jeito”, relatou.

A transição capilar, segundo ela, foi um marco de transformação pessoal e coletiva. “Graças ao movimento do feminismo negro acerca desse assunto, a gente ganha um lugar na prateleira, nos produtos”, concluiu.

O caso reforça a necessidade de debate e ações para enfrentar o racismo estrutural, especialmente em um país como o Brasil, onde questões de identidade e miscigenação ainda são alvos de preconceitos e ignorância.

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