A quebra na safra de 2023/2024 já prenuncia prejuízos iminentes para os produtores rurais, que enfrentam o desafio de saldar dívidas de financiamentos. O montante de R$ 28,1 bilhões em operações de investimentos rurais vencendo em 2024 adiciona pressão ao cenário.
Gilson Bittencourt, subsecretário de Política Agrícola do Ministério da Fazenda, ressaltou a inviabilidade de prorrogar esses compromissos, dada a alta complexidade financeira envolvida e seu impacto na elaboração do próximo Plano Safra.
“Se prorrogar tudo, dificulta muito o lançamento do próximo Plano Safra”, declarou ao Agro Estadão.
Diante dessa conjuntura, o governo se empenha em analisar de forma detalhada as regiões afetadas pela perda nas lavouras. Bittencourt explicou que essa abordagem visa a elaborar propostas fundamentadas e tecnicamente defensáveis, cujo anúncio é esperado para a próxima semana.
Recentemente, o ministro da Agricultura, após uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mencionou a possibilidade de anunciar uma linha de crédito emergencial para capital de giro ainda em março. Destinada principalmente às áreas de soja, milho e pecuária de corte e bovina, estas foram as mais afetadas pelas condições climáticas e variações de preços.
Apesar do anúncio, Carlos Fávaro não divulgou valores específicos, indicando que o levantamento dos setores afetados já estava em andamento. De acordo com o mais recente levantamento de safra da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), houve uma queda de 6,3% na produção de grãos no ciclo de 2023/2024, totalizando 299,8 milhões de toneladas.
A Federação da Agricultura do Paraná expressa preocupação com os critérios para prorrogar as dívidas, especialmente para os produtores das regiões norte e noroeste do estado, que enfrentam resultados negativos sem uma colheita plena. Em muitos municípios, embora não tenha sido decretada emergência, as perdas individuais foram significativas.
Ana Paula Kowalski, técnica do Sistema FAEP/SENAR (PR), em entrevista ao Agro Estadão, concluiu: “Então, a gente pede a sensibilidade do governo para não excluir esses agricultores e oportunizar as mesmas condições de juros e contrato que foram pactuadas lá no início, para que o produtor tenha as mesmas taxas e prazos mais longos para conseguir rodar ao menos uma safra e quitar.”.
Fonte: Agro Estadão