O ex-ministro Roberto Rodrigues, responsável pela política agrícola no primeiro governo Lula, não retornou ao Poder Executivo após 20 anos, mas mantém alinhamento com o presidente Lula sobre os desafios globais.
Em uma palestra na Brazil Saudi Arabia Conference, ele destacou os “quatro cavaleiros do Apocalipse”: segurança alimentar, mudanças climáticas, transição energética e desigualdade social. Rodrigues enfatizou que a segurança alimentar é crucial e pode impactar a estabilidade política, exemplificando com o caso do Sri Lanka.
Ele ressaltou que a agricultura, especialmente nos trópicos, onde o Brasil está inserido, é fundamental para resolver esses desafios. “Para a produção de alimentos no mundo crescer 20%, a do Brasil precisa crescer 40%. Podemos crescer tudo isso? Sim. Vamos crescer? Depende da estratégia que adotarmos”, declarou, em defesa das linhas de crédito que beneficiam os produtores.
Na palestra, Rodrigues não criticou diretamente o governo, especialmente em um evento empresarial entre os dois países. Porém, em Brasília, parlamentares do setor agrícola apontam problemas entre o governo Lula e o agronegócio, como demarcação de terras indígenas e falta de recursos para o seguro agrícola. Além disso, o ex-ministro da Agricultura, Antonio Cabrera, destacou o Brasil como um centro de produção alimentar.
“Brasil é a terra da oportunidade. Durante seis meses, nosso principal concorrente fica sob a neve. Temos segunda safra. Colhe o produto e está plantando outra cultura. É a céu aberto”, declarou o ex-ministro do governo Fernando Collor de Mello.
Empresários brasileiros estão voltando sua atenção para produtos nutritivos e ingredientes, percebendo oportunidades de mercado. A Arábia Saudita, por exemplo, importou mais ingredientes do que carne, indicando uma mudança econômica significativa além do setor agrícola, conforme sua iniciativa “Visão 2030”.
“A Arábia Saudita está sempre entre os primeiros parceiros comerciais do Brasil no mundo árabe. No ano passado, foi o primeiro. A tendência é essa parceria se estreitar. Mesmo no agro, nós temos a produção agrícola, e eles produzem fertilizantes. É um ganha-ganha”, afirma o presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Osmar Chohfi.
O comércio entre Brasil e Arábia Saudita cresceu de US$ 5 bilhões para US$ 7 bilhões nos últimos anos, segundo o embaixador saudita no Brasil, Faisal Ghulam, na abertura do evento. E essa tendência de aumento deve continuar.
Fonte: Correio Braziliense