O setor do agronegócio está atualmente dividido em relação à sua postura em relação ao governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Enquanto um grupo político que representa os produtores rurais que exportam busca manter distância do governo, outra parte adotou uma postura conciliatória. Este último movimento é evidenciado por congressistas ligados ao segmento de bioenergia, que engloba as usinas de etanol e biodiesel.
As agroindústrias buscam aprovar sem mudanças o projeto de lei 528/2020, conhecido como Combustível do Futuro, que visa estabelecer um novo marco regulatório para biocombustíveis, incluindo o aumento das misturas de etanol na gasolina e de biodiesel no óleo diesel.
Houve movimentos visíveis nessa articulação, como no churrasco realizado por Lula em 21 de março na Granja do Torto, onde representantes da área bioenergética estiveram presentes em grande número.
O encontro, coordenado pelo ministro Carlos Fávaro, visava estabelecer uma aproximação com produtores e representantes da indústria ligada à agropecuária, que em sua maioria apoiaram o ex-presidente Jair Bolsonaro nas eleições de 2022.
A estratégia é unir a FPBio com o governo para enfrentar as tentativas do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, de modificar o texto no Senado. A busca é por incluir o diesel coprocessado no percentual de mistura de biodiesel, mas o projeto atual o separa, limitando-o a 3%. O diesel coprocessado é produzido pela Petrobras ao misturar diesel convencional com matérias-primas vegetais.
Recentemente, houve um evento na Esplanada dos Ministérios onde empresários da FPBio exibiram caminhões movidos exclusivamente a biodiesel. O projeto em debate sugere uma mistura de até 25%, apesar das preocupações do setor petrolífero sobre a eficácia do biocombustível nos motores.
No evento, Alceu Moreira, presidente da FPBio, pediu ao governo para garantir a aprovação do PL no Senado sem mudanças. O relator do projeto é o senador Veneziano Vital do Rêgo, próximo de Prates e ligado ao setor de petróleo. “O [PL do ] Combustível do Futuro não merece nenhum reparo no Senado, até pela votação expressiva que teve. Se alguém quiser melhorar, faça outro projeto de lei depois. Porque assim que aprovado no Senado e sancionado pelo presidente [Lula], esse projeto vai desencadear no minuto seguinte várias plantas industriais pelo Brasil inteiro”, disse.
Em declaração ao Poder360, Alceu ainda afirmou, deixando claro que o propósito é específico: “O agro quer mostrar união [com o governo] para o projeto do Combustível do Futuro”.
Os ministros Geraldo Alckmin (Indústria), Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Carlos Fávaro (Agricultura) estiveram presentes no evento. Eles receberam apoio dos representantes das usinas de biodiesel, indicando seu alinhamento com o setor.
Fonte: Poder360