O governo federal está explorando estratégias para mitigar o aumento dos preços dos alimentos, que têm ultrapassado a taxa de inflação desde o início do ano. O presidente Lula convocou seus ministros ontem para discutir essa questão e planeja se reunir com representantes do setor agrícola na semana seguinte.
Após a reunião, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, anunciou que as soluções serão incorporadas ao Plano Safra 2024-2025, visando expandir a área de cultivo de produtos como arroz, feijão, trigo, milho e mandioca, além de disponibilizar crédito adicional aos produtores. Se os preços persistirem elevados, a equipe econômica considerará outras medidas.
O aumento nos preços dos alimentos é considerado temporário devido a condições climáticas adversas afetando a produção desde o final do ano passado.
- Nos primeiros dois meses de 2024, os preços dos alimentos nos lares brasileiros aumentaram mais que o dobro da taxa de inflação medida pelo IPCA.
- O IPCA acumulado de janeiro e fevereiro é de 1,25%, enquanto os alimentos subiram 2,95% no mesmo período.
- Apenas em fevereiro, os alimentos em domicílio registraram um aumento de 1,12%.
- Os maiores aumentos foram observados na cebola (7,37%), batata-inglesa (6,79%), frutas (3,74%), arroz (3,69%) e leite longa vida (3,49%).
- No ano anterior, os preços dos alimentos encerraram com o menor aumento desde 2017.
O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, se pronunciou após a reunião: “O presidente chamou a equipe de ministros para discutir essa alta de alimentos ocorrida no fim do ano. Porque, de fato, é uma preocupação do presidente que a comida chegue barata na mesa do povo. Esse aumento ocorreu em função de questões climáticas. Todo mundo assistiu ao excesso, à alta temperatura no Centro-Oeste. Foi um aumento sazonal, e a tendência agora é diminuir”.
Fávaro mencionou o plantio de arroz no Rio Grande do Sul, o principal produtor do grão, onde chuvas excessivas em outubro passado atrasaram o plantio da safra 2023/2024. Até agora, apenas cerca de 10% da safra foi colhida. Ele destacou que o preço da saca do arroz diminuiu de R$ 120 para R$ 100 para os produtores.
“Esperamos que, com essa baixa, os atacadistas também abaixem (o preço) na gôndola dos supermercados, que é onde as pessoas compram”, declarou.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as condições climáticas extremas do ano passado afetaram a produção atual. O Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), divulgado recentemente, projeta uma safra de cereais, leguminosas e oleaginosas de 300,7 milhões de toneladas, refletindo uma redução de 4,7% em relação ao ano anterior.
Fonte: Estado de Minas